quinta-feira, 28 de agosto de 2025

"ECA Digital": entenda o que muda com o PL da Adultização

 

Discussão ganhou tração após o influenciador Felca publicar um vídeo expondo casos de adultos que exploravam a imagem de menores de idade

Flávio Ismerim, da CNN
Projeto de lei quer aumentar regras de uso das redes sociais por crianças e adolescentes  • Unsplash
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O Senado Federal aprovou, nesta quarta-feira (27), o Projeto de Lei nº 2.628, chamado de “ECA Digital” e conhecido como PL da Adultização, que aumenta a proteção de crianças e adolescentes na internet. O projete recebeu esse nome porque visa ampliar o alcance do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) para o ambiente digital.

A tramitação do "ECA Digital" acontece semanas após o influenciador Felipe Bressanim Pereira, o Felca, publicar um vídeo expondo casos como o de Hytalo Santos, que explorava a imagem sexualizada de crianças e adolescentes nas redes sociais.

O PL cria regras para a garantia de direitos e proteção de menores de idade na internet. Para isso, estabelece diretrizes e obrigações para as plataformas digitais. O tema da “adultização” ganhou destaque no debate público após denúncias feitas sobre conteúdos nas redes sociais que expõem a sexualização de menores de idade.

O que muda com o PL da Adultização?

O projeto obriga fornecedores de produtos e serviços de tecnologia da informação a adotar medidas para prevenir o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos prejudiciais, como pornografia, bullying, incentivo ao suicídio e jogos de azar.

Lucas Ruiz Balconi, doutor em direito pela USP (Universidade de São Paulo) e especialista em direito digital, explica que o PL da Adultização, agora aprovado, provocará uma "inversão do ônus". Se hoje cabe somente aos pais regularem como seus filhos usam as redes sociais, as plataformas precisarão tomar a frente da situação.

"A mudança é de uma postura reativa para uma proativa. A segurança deixa de ser um 'problema do usuário' e passa a ser uma obrigação de engenharia da plataforma", afirma Balconi. "Antes de lançar um novo produto ou realizar mudanças no algoritmo, as plataformas serão legalmente obrigadas a analisar e mitigar os riscos que ele pode gerar, desde o vício em telas até a exposição a conteúdos nocivos."

A implementação do "ECA Digital" traria ainda uma série de novas responsabilidades às plataformas, conforme explicou à CNN o advogado especialista em processo legislativo e direito público André Dantas.

"Com a nova lei, empresas de tecnologia terão que assumir obrigações específicas: verificar a idade de quem acessa os serviços, vincular contas de menores a um responsável, restringir a publicidade direcionada e oferecer ferramentas de controle parental já ativadas por padrão. A lei também endurece as sanções, prevendo multas que podem chegar a R$ 50 milhões para casos de descumprimento", acrescentou.

Como funcionaria a regulação?

Do jeito que está hoje, o PL da Adultização prevê ainda a criação de uma autoridade nacional autônoma, cuja missão seria a de zelar, editar regulamentos e procedimentos e fiscalizar cumprimento da nova legislação.

Balconi compara a proposta ao Digital Services Act (DSA), que está sendo implementado na Europa. A ideia, segundo ele, é que o órgão funcione como uma espécie de "delegacia do ambiente digital", que teria o poder de auditar as empresas, impor sanções e mediar conflitos.

"Essencialmente, o órgão regulador é a materialização do poder do Estado para garantir que o interesse público se sobreponha ao interesse comercial das plataformas. É um mecanismo importante, mas que requer cautela", afirmou à CNN.

O texto, aprovado com amplo apoio e de forma simbólica, segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Câmara aprova projeto que libera pagamentos congelados a servidores em razão da pandemia

 

Proposta segue para o Senado

26/08/2025 - 19:08   •   Atualizado em 26/08/2025 - 19:21

Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
Discussão e votação de propostas legislativas. Dep. Socorro Neri (PP - AC)
Socorro Neri, relatora do projeto

A Câmara dos Deputados aprovou projeto que permite aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios pagarem direitos remuneratórios congelados dos servidores relacionados ao tempo de serviço durante a pandemia de Covid-19. A proposta será enviada ao Senado.

De autoria da ex-deputada e atual senadora Professora Dorinha Seabra Rezende (União-TO), o Projeto de Lei Complementar (PLP) 143/20 muda a legislação publicada em 28 de maio de 2020 (Lei Complementar 173/20) que vinculava o recebimento de recursos federais para enfrentamento da pandemia ao congelamento de aumentos salariais até 31 de dezembro de 2021. Assim, durante esse período, não puderam ser aplicados reajustes ou criados cargos e realizados concursos públicos.

A relatora do projeto, deputada Socorro Neri (PP-AC), afirmou que a proposta busca corrigir uma injustiça praticada contra servidores públicos. Ela reforçou que o texto é apenas autorizativo e que cabe a estados e municípios definir se vão tratar desse passivo. "A lei cometeu uma grande injustiça que foi vedar a contagem de tempo de serviço para efeito de progressão e anuênio para esses servidores", disse.

A proibição que será revogada pelo projeto impedia estados, Distrito Federal e municípios de contar o tempo entre a publicação da lei (28 de maio de 2020) e 31 de dezembro de 2021 para efeitos de recebimento futuro de direitos relacionados ao tempo de serviço.

Retroativos
O PLP 143/20 permite que os entes federativos voltem a contar o tempo e paguem retroativamente, dentro de sua disponibilidade orçamentária, os valores congelados no período e relativos a anuênios, triênios, quinquênios, sexta-parte, licença-prêmio e mecanismos equivalentes, sem transferência de encargos a outro ente (como em um caso de cessão de servidor cujo salário é pago pelo ente cessionário, por exemplo).

Debate em Plenário
A deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP) afirmou que o projeto faz justiça aos servidores que estiveram na linha de frente no enfrentamento da pandemia. Ela lembrou que todas as políticas essenciais foram impactadas pela lei de 2020. "É colocando a vida das pessoas em primeiro lugar que o Brasil faz justiça e avança", disse.

Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), a proposta é uma questão elementar de justiça. "Descongela já, para que a vida tenha algum alento, alguma quentura", disse.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também defendeu a proposta. "Descongelar o período do alto sacrifício da pandemia é fazer justiça", disse a parlamentar, que é coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público.

O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), lembrou que muitos servidores arriscaram a vida para defender a saúde pública e a educação nos tempos de pandemia.

Porém, a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) afirmou que a proposta cria um passivo que o País não pode ter neste momento. "Está autorizando uma retroatividade contra a lógica de uma lei complementar já aprovada", disse.

Saiba mais sobre a tramitação de projetos de lei

Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Edição – Pierre Triboli

Fonte: Agência Câmara de Notícias