quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Pena Justa: STF valida plano para enfrentar situação inconstitucional nos presídios

 

 

Você está visualizando atualmente Pena Justa: STF valida plano para enfrentar situação inconstitucional nos presídios
Compartilhe

O Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o Pena Justa – Plano Nacional para o Enfrentamento do Estado de Coisas Inconstitucional nas Prisões Brasileiras – em sessão plenária virtual extraordinária concluída nesta quarta-feira (18/12). Construído de forma conjunta entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a União, além de ampla participação social, o Pena Justa apresenta 50 ações mitigadoras e mais de 300 metas a serem cumpridas até 2027.

O plano atende a uma das determinações do STF ao concluir o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 (ADPF 347), em outubro de 2023. De acordo com o STF, a União e o CNJ ficariam responsáveis por apresentar o plano em seis meses a partir da publicação da decisão. O Pena Justa chegou ao STF em julho de 2024 pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ (DMF/CNJ).

Ao apresentar o plano e votar por sua homologação, o relator da ADPF 347, presidente do CNJ Luís Roberto Barroso, disse que há duas preocupações principais que demandam mudanças no sistema prisional. “A primeira, assegurar direitos fundamentais das pessoas privadas de liberdade, como é dever do Estado. E em segundo lugar, a constatação de que o sistema prisional é um dos principais focos de criminalidade do país, de modo que a atuação sobre o sistema prisional é também uma política de segurança pública”.

A partir do voto do relator, abriu-se prazo para análise dos demais ministros, com votação concluída em plenário virtual nesta quarta. Como resultado, foram aprovadas 141 das 143 medidas construídas conjuntamente entre Executivo e Judiciário. Elas se distribuem em quatro eixos: controle da entrada e das vagas prisionais para enfrentar a superlotação; melhoria da infraestrutura e dos serviços; processos de saída e reintegração social; e garantia de que as transformações sejam permanentes, evitando retrocessos.

As medidas tratam de temas como ampliação da Justiça Restaurativa, redirecionamento da política de drogas para ações de saúde, melhoria das condições de habitabilidade nos presídios, acesso a trabalho, cultura e educação. Também abordam combate à tortura e tratamentos desumanos, cruéis e degradantes, formação e capacitação de profissionais que atuam nesses campos e criação de mecanismos de transparência e participação social para planejamento e orçamento relativos às políticas penais.

Para acomodar votos da maioria, foram realizadas três alterações na proposta original: a retirada da medida sobre compensação penal em caso de condições degradantes, a exclusão da medida sobre remição de pena quando há ausência de oferta de trabalho e emprego pelo Estado e a exclusão da meta sobre a obrigação de instalação de câmeras corporais em policiais penais.

Sobre o Pena Justa

O plano foi construído pelo CNJ e pelo Ministério da Justiça e de Segurança Pública (MJSP) em diálogo com instituições, órgãos competentes e entidades da sociedade civil. Foram 33 encontros realizados com 59 instituições no primeiro semestre de 2024. Além disso, foram coletadas quase 6 mil propostas em audiência pública, consulta pública e contribuições institucionais.

Entre as medidas consensuadas, 54% são de responsabilidade do Executivo, 23% do Sistema de Justiça e 22% de outras instituições. Além do CNJ e do MJSP, os órgãos responsáveis pela implementação do Pena Justa incluem o Ministério Nacional de Direitos Humanos e da Cidadania; Ministério Público da União; Defensoria Pública da União; Ministério da Cultura; Ministério da Educação; Ministério da Igualdade Racial; Ministério da Saúde; Polícia Civil; Tribunais de Justiça e Regionais; Secretarias Estaduais; Sistema S; entre outros.

A partir da publicação da homologação, estados e Distrito Federal terão seis meses para apresentarem seus planos ao STF de forma alinhada ao plano nacional. As atividades devem ser concluídas em 2027, e, durante esse período, o DMF/CNJ fica responsável por fazer reportes ao STF sobre a execução do plano.

De acordo com o supervisor do DMF/CNJ, conselheiro José Rotondano, tanto o conteúdo do plano como sua forma de construção evidenciam que não há divergência ao se associar responsabilizações adequadas com a humanização do sistema prisional. “Chegamos a uma acomodação adequada quando as penas passam a ser racionalizadas em sua realização, de forma a beneficiar não apenas quem vive essa realidade, incluindo profissionais que atuam nesse campo, mas a sociedade como um todo”.

Para o coordenador do DMF/CNJ, Luís Lanfredi, o Pena Justa é mais que um plano. “É uma política de Estado consistente, coerente e integral. Parte de um esforço interinstitucional sem precedentes, reforçando nosso entendimento de que a pauta penal é hoje um tema que mobiliza a todos para respostas satisfatórias a nossa sociedade. A partir do consenso, todos se tornam responsáveis pelo sucesso de sua execução”.

O plano Pena Justa conta com o apoio técnico do programa Fazendo Justiça, coordenado pelo CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e diversos parceiros e apoiadores para transformações no campo penal e socioeducativo.

Estado de Coisas Inconstitucional

O STF reconheceu o estado de coisas inconstitucional nas prisões brasileiras no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347, apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A ação apresentava diversos pedidos, incluindo a validação das audiências de custódia e o descontingenciamento do Fundo Penitenciário Nacional, que foram acatados cautelarmente pelo plenário do STF em 2015. O julgamento do mérito foi concluído em outubro de 2023, quando a Suprema Corte determinou a elaboração do plano para enfrentamento do quadro inconstitucional nas prisões brasileiras.

Texto: Regina Bandeira e Débora Zampier 

Edição: Beatriz Borges
Agência CNJ de Notícias

Recesso do Judiciário ocorre de 20 de dezembro a 6 de janeiro


 


Esta notícia foi visualizada 9280 vezes


Os órgãos do Poder Judiciário Federal entram em recesso no dia 20 de dezembro de 2024 (sexta-feira) e permanecem até 6 de janeiro de 2025 (segunda-feira). No período, o expediente fica suspenso e não há atendimento ao público.

Em caso de urgência, o TRT da 2ª Região conta com o plantão judiciário, que atua para evitar o perecimento de direitos, a ocorrência de dano de difícil reparação ou, ainda, para garantir a liberdade de locomoção.

Os trabalhos serão retomados no dia 7 de janeiro (terça-feira). Entretanto, a suspensão dos prazos processuais foi prorrogada pelo Regional até 24 de janeiro. Inicialmente, o período iria de 20 de dezembro a 20 de janeiro, conforme previsto no artigo 775-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A prorrogação atendeu a pedido da advocacia ao TRT-2. (saiba mais neste link).

Vale lembrar que a suspensão dos prazos processuais aplica-se exclusivamente aos processos judiciais, não se estendendo a processos administrativos. Ressalta-se que as Requisições de Pequeno Valor (RPVs) federais e os precatórios, apesar de tramitarem no sistema PJe_JT de 2° grau, são classificados como processos administrativos (Súmula 311 do Superior Tribunal de Justiça combinado com Orientações Jurisprudenciais 8, 10 e 12, todas do Tribunal Pleno/Órgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho), portanto, não estão sujeitos à suspensão dos prazos prevista no artigo 775-A da CLT.

Confira os locais e os telefones respectivos para atendimento pelo plantão do Regional:

No 2° grau: (11) 3150-2003

No 1° grau:

- Jurisdição da capital: (11) 3150-2004;

- Jurisdição de Osasco, Barueri, Caieiras, Carapicuíba, Cotia, Embu, Franco de Rocha, Itapecerica da Serra, Jandira, Cajamar, Santana de Parnaíba, Taboão da Serra e Itapevi: (11) 3150-2060;

- Jurisdição de Santos, Guarujá, Cubatão, Praia Grande e São Vicente: (13) 2102-1290;

- Jurisdição de São Bernardo do Campo, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Santo André e São Caetano do Sul (11) 3150-2068;

- Jurisdição de Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Suzano e Arujá: (11) 3150-2078

Voltar

Isenção de Imposto de Renda vai beneficiar maioria dos servidores públicos brasileiros

 

Aproximadamente 70% dos funcionários públicos estarão inclusos na nova faixa de R$ 5 mil


Isenção de Imposto de Renda vai beneficiar maioria dos servidores públicos brasileiros
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do Extra

O recente anúncio do governo federal sobre a isenção de Imposto de Renda para quem tem rendimentos mensais de até R$ 5 mil deve transformar a realidade de milhões de trabalhadores do Brasil, incluindo servidores públicos. Embora a medida ainda dependa de aprovação no Congresso Nacional, seus potenciais impactos econômicos e sociais já são aguardados pela categoria. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aproximadamente 70% do funcionalismo em todas as esferas (municipal, estadual e federal) ganham até R$ 5 mil mensais, faixa beneficiada pela isenção tributária proposta no pacote de ajuste fiscal.

Segundo dados do Atlas do Estado Brasileiro, a maioria dos servidores municipais recebe, em média, R$ 2.616,28, enquanto nos estados, a mediana salarial é de R$ 4.687,50. Já no nível federal, cerca de 27,5% dos profissionais recebem até R$ 5 mil por mês.

Com a isenção, trabalhadores nesta faixa de renda deixarão de pagar Imposto de Renda, resultando em um aumento direto na renda familiar. Para quem recebe exatamente R$ 5 mil, o ganho anual será de R$ 4.467,55, valor equivalente a um salário adicional por ano.

A proposta do governo também promete impulsionar a economia. O Dieese aponta ainda que a medida poderá injetar cerca de R$ 35 bilhões por ano na economia nacional.

Apesar dos benefícios potenciais, a proposta enfrenta desafios pela frente. O Congresso Nacional, que será responsável pela análise da medida, tem histórico de pressão por parte de setores econômicos e financeiros, que criticam a medida como populista. Além disso, ações de controle fiscal, como o “gatilho” que limitaria o aumento real de salários no setor público a partir de 2027, podem reduzir os ganhos trazidos pela isenção.

Disparidades salariais se mantêm entre esferas

Por outro lado, os supersalários, que representam uma parcela mínima do funcionalismo, deverão ser limitados pelo governo. Essa é a expectativa.

Um estudo da plataforma República em Dados revelou que as maiores distorções salariais estão concentradas no Judiciário Federal, onde a remuneração mediana chega a R$ 17.999,04, sete vezes superior à dos servidores municipais, que têm uma mediana salarial de R$ 2.616,28. Já no Executivo Federal, a mediana é de R$ 8.781,49, enquanto os estados têm uma mediana de R$ 4.687,50.

Teto salarial também deve ser modificado

Paralelamente às mudanças no Imposto de Renda, foi apresentada uma regra de contenção fiscal para o funcionalismo a partir de 2027. O mecanismo limita aumentos salariais de servidores públicos federais acima da inflação a 0,6%, caso os gastos obrigatórios causem redução nas despesas discricionárias de um ano para o outro.

Entidades que representam as categorias de servidores da União veem com preocupação a adoção desse gatilho, apontando para a necessidade de maior investimento no serviço público e valorização dos trabalhadores, em vez de restrições.

Embora a proposta tenha recebido apoio de diversos setores da sociedade, o mercado financeiro manifestou preocupação, com 85% dos entrevistados em uma pesquisa da Genial Quaest opinando que a medida pode trazer prejuízos ao país. Apesar disso, o levantamento também apontou que a proposta é neutra em termos de arrecadação, uma vez que a tributação sobre os mais ricos compensará a perda de receita com a isenção para os que ganham menos.

Categorias tentam audiência com presidente Lula

Para o diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo, a iniciativa de isenção no Imposto de Renda é um passo importante para reduzir as disparidades salariais dentro do serviço público:

— Estamos articulando uma audiência com o presidente Lula,para cobrar celeridade nessa mudança do imposto. Mas, com esse problema da saúde do presidente, nós vamos aguardar aí um próximo momento. Vamos tentar ver se a gente consegue esse diálogo.

Medida é ‘justiça tributária’, avalia governo federal

O sistema tributário brasileiro tem maior incidência de impostos sobre o consumo, o que penaliza desproporcionalmente as classes de menor renda. Atualmente, a alíquota efetiva de imposto para o 1% mais rico é de apenas 4,2%, enquanto para o 0,01% ainda mais rico é de 1,75%.

Essas taxas estão abaixo da média global. Pelas projeções da União, serão mais de dez milhões de contribuintes deixem de recolher Imposto de Renda na Fonte, além de outros dez milhões que já deixaram de recolher por conta dos aumentos da faixa de isenção em 2023 e 2024.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) apontou que a ampliação da faixa de isenção do IR, associada ao aumento da tributação das maiores rendas, é uma medida de justiça tributária.

Leia no Extra






NOSSOS

PARCEIROS