quarta-feira, 12 de junho de 2024

Deputado Gil Diniz defende fim do Condepe e é indicado para o órgão de defesa dos direitos humanos por presidente da Alesp

 

Parlamentar bolsonarista também defende fim da Ouvidoria da Polícia de SP; historicamente, Comissão de Direitos Humanos indica o deputado para o cargo, mas neste ano, André do Prado (PL), presidente da Casa, decidiu a nomeação de ofício.

Por Thaiza Pauluze, GloboNews — São Paulo

 


O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) — Foto: Divulgação
O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) — Foto: Divulgação

Após defender a extinção do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe), órgão que recebe denúncias de violações no estado, o deputado bolsonarista Gil Diniz (PL), conhecido como “Carteiro Reaça”, foi indicado para fazer parte do conselho.

A indicação foi do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o deputado André do Prado, do mesmo partido de Diniz. É prerrogativa do presidente da Casa indicar um parlamentar, mas historicamente os deputados da Comissão de Direitos Humanos escolhiam o indicado.

Neste ano, Beth Sahão (PT) e Eduardo Suplicy (PT) haviam se candidatado, assim como Diniz, que acabou sendo escolhido diretamente pelo presidente da Assembleia.

Em fevereiro de 2020, Diniz defendeu a extinção de órgãos como o Condepe e a Ouvidoria da Polícia do estado.

"O governo tem o nosso apoio pra mudar Condepe, pra extinguir Condepe, pra extinguir Ouvidoria, e não o fez, então nossas forças de segurança ficam aí sob ataque. Esses ditos defensores dos direitos humanos não defendem direitos humanos coisa nenhuma”, disse à época.

O parlamentar voltou a atacar os conselhos em abril deste ano. Na ocasião, ele disse ter pedido para ser indicado.

"Temos que deixar claro aqui que os órgãos de estado nesse caso estão sendo usados para fazer oposição ao governador do estado de São Paulo. A gente precisa repensar essa ocupação desses conselhos. Já pedi para que o presidente André do Prado me indique para o Condepe e para o Condeca. Provavelmente não serei, porque o meu perfil e minha atividade talvez faça ali alguma outra movimentação nesses conselhos. Mas de hipocrisia aqui na Assembleia nós estamos cheios”.Diniz também é co-autor, com 20 parlamentares, do Projeto de Lei Complementar 31/2019, do deputado Frederico D'Avila (PSL), que propunha extinguir a Ouvidoria da Polícia, um dos órgãos responsáveis por receber denúncias de abusos de policiais militares e civis e também por defender os agentes em casos de assédio no trabalho, por exemplo.

O projeto acabou arquivado no ano passado, seguindo uma regra do regimento interno que determina que isso aconteça no início de cada legislatura com propostas apresentadas anteriormente e que ainda não tiveram parecer.

Esses deputados defendem que as denúncias de abusos policiais devem ser “encaminhadas exclusivamente” para a Corregedoria da PM e da Civil, que fazem o trabalho de analisar, internamente, a conduta dos agentes da corporação.

Já o Condepe é um órgão autônomo que recebe e investiga denúncias de violações de direitos humanos para encaminhar às autoridades, como o Ministério Público e as polícias, por exemplo. Também acompanha as providências adotadas, além de propor soluções para garantir os direitos fundamentais no estado. O órgão é responsável ainda por elaborar a lista tríplice da Ouvidoria Estadual das Polícias, que também é autônoma e composta por indicados de várias esferas.

A posse da nova gestão do Condepe será nesta sexta-feira (14), na sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O conselho tem mandato de dois anos e é formado por 11 membros: uma indicação do governo do estado, outra da Secretaria da Justiça, seis representantes da sociedade civil, uma da Defensoria Pública e uma do Tribunal de Justiça, além do indicado pela Alesp.Diniz também foi indicado pelo presidente da Alesp para o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca), que é constituído por 40 conselheiros, também para um mandato de dois anos. O órgão tem como atribuição a elaboração das políticas de atendimento à criança e ao adolescente, atuando em parceria principalmente com os conselhos tutelares.

    STF decide melhorar os ganhos do FGTS; correção deve garantir ao menos a inflação

     


    Entendimento deverá valer apenas para depósitos futuros. Maioria da Corte seguiu o voto do ministro Flávio Dino para adotar o modelo apresentado pela Advocacia-Geral da União a partir de um acordo com parte das centrais sindicais.

    Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília

     


    Por 7 votos a 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (12) fixar que a correção dos novos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) precisa garantir, no mínimo, a correção da inflação, portanto o IPCA.

    O entendimento só valerá para depósitos futuros. Portanto, não deverá retroagir.

    STF discute índice de correção do FGTS

    A maioria da Corte seguiu o voto do ministro Flávio Dino para adotar o modelo apresentado pela Advocacia-Geral da União a partir de um acordo com parte das centrais sindicais.

    Esse sistema prevê corrigir o FGTS pelo IPCA quando, no mês, o valor da inflação for maior do que o da correção atual do fundo.

    Mais vantajoso para o trabalhador

    Na prática, a correção do IPCA representa um ganho em relação às regras atuais.

    Pelas regras em vigor, o FGTS tem um rendimento igual ao valor da TR mais 3% ao ano. A TR atualmente está em 0,32% ao mês, mas o índice pode mudar, pois é formado por uma série de variáveis.

    A maioria dos ministros entendeu que o FGTS não é um uma aplicação financeira e precisa cumprir sua função social. Nos votos, ministros ressaltam os riscos de uma mudança para rendimento maior dificultar o acesso aos financiamentos habitacionais.

    Repercussão

    Após o resultado no STF, o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que a decisão representa um resultado para todos os envolvidos: empresas, trabalhadores e governo.

    "Ganham os trabalhadores, os que financiam suas moradias e os colaboradores do setor de construção civil. Na condição ex-empregado da Caixa, sinto-me profundamente comovido ao contribuir para preservar a poupança dos trabalhadores e proporcionar a oportunidade de possuírem sua própria residência aqueles que mais necessitam", escreveu o ministro.

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