terça-feira, 14 de julho de 2020

ANS derruba na Justiça liminar que obriga convênios a cobrirem o teste sorológico contra coronavírus


Exame detecta a presença dos anticorpos IgA, IgG ou IgM no sangue, produzidos pelo organismo após exposição ao vírus da Covid-19.

Por G1

 


Justiça derruba liminar que obrigava planos a pagar por teste de anticorpos contra Covid

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) conseguiu derrubar na Justiça decisão liminar que obrigava os planos de saúde a oferecer testes sorológicos para o novo coronavírus.

Trata-se do teste que detecta a presença dos anticorpos IgA, IgG ou IgM no sangue do paciente, produzidos pelo organismo após exposição ao vírus.

A decisão é assinada pelo desembargador Leonardo Augusto Nunes Coutinho, de Pernambuco, que acata argumento da ANS de que não é possível "fazer uso de testes, de forma paulatina e segura, como auxílio no mapeamento de pessoas infectadas".

"Considera-se presente, também, o risco de dano grave ou de difícil reparação, consubstanciado nos prejuízos advindos da incorporação – por decisão liminar – de nova tecnologia como mínima obrigatória em setor regulado, sem que haja qualquer garantia de efetividade/segurança de tais tecnologias (testes), permitindo-se a aplicação deles em larga escala, com risco à população beneficiária de planos de saúde e, em última análise, ao próprio funcionamento do setor (saúde suplementar – empresas de plano de saúde)", diz a decisão.

A ANS havia incluído o teste sorológico na lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde no fim de junho, atendendo a uma decisão judicial dada em Ação Civil Pública movida pela Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), de Pernambuco. A entidade vai recorrer.

"A atitude da ANS em ingressar com um Agravo de Instrumento para derrubar a liminar é uma afronta, uma falta de respeito aos consumidores que pagam pelos seus planos e seguros de saúde", diz Renê Patriota, coordenadora executiva da Aduseps. "A ANS não considera o exame importante, pois as operadoras que devem pagar pelo procedimento da sorologia. Enquanto isso, a Anvisa autoriza farmácias e drogaria a vender testes sorológicos."

A liminar permitia que o exame sorológico fosse realizado sem custo extra, contanto que houvesse requisição feita por um médico. Para encaminhamento, o paciente teria que ter apresentado sintomas de quadro gripal ou síndrome respiratória.

A decisão também é temporária e será encaminhada para o colegiado da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), que analisa o recurso.

Planos de saúde são obrigados a cobrir despesas com teste para detectar a Covid-19

Testes sorológicos

Desde de março, os planos de saúde são obrigados a cobrir o exame RT-PCR, que identifica a presença do material genético do vírus, com coleta de amostras da garganta e do nariz. Mas o teste não consegue detectar infecções em estágio inicial ou depois da cura da doença.

Outros seis tipos de exame que ajudam no acompanhamento dos pacientes estão previstos legalmente, mas reportagem do G1 relata dificuldade de pacientes a terem acesso aos exames.

O teste sorológico é indicado para pessoas que tiveram sintomas da doença há mais de dez dias, pois a produção de anticorpos no organismo leva alguns dias para ser detectada pelo exame.

"Serve para inquérito sorológico, ou seja, para monitorar a população e identificar a porcentagem de pessoas que já foi exposta ao vírus, e para testes individuais", explicou em entrevista recente ao G1 o virologista José Eduardo Levi, pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP e Gestor de Pesquisa e Desenvolvimento da Dasa

Ainda que se siga o protocolo, o teste é criticado por parte dos especialistas, pois coletas realizadas antes do período recomendado – ou muito depois – podem causar diagnósticos de falso negativo. Até a decisão de hoje, a cobertura era obrigatória nos planos da categoria ambulatorial, hospitalar e referência.

Quando houve a liberação, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) disse que a resolução seria cumprida pelas operadoras associadas, conforme as diretrizes estabelecidas pelo órgão regulador, mas que considerava a incorporação "inadequada", pois os testes sorológicos não têm a "acurácia do RT-PCR, exame já coberto pelos planos de saúde".

Polícia de SP diz que adolescente é dono de um dos perfis do Homem Pateta




Foto de um dos perfis no Facebook de "Jonathan Galindo", também conhecido como Homem-Pateta - Reprodução
Foto de um dos perfis no Facebook de "Jonathan Galindo", também conhecido como Homem-PatetaImagem: Reprodução

Alex Tajra e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

14/07/2020 14h00

A Polícia Civil de São Paulo realizou, na última sexta-feira (10), uma operação para cumprir mandado de busca e apreensão na casa de um adolescente de Sorocaba, interior do estado, que seria o criador de um perfil do chamado "Homem Pateta", que propõe desafios para crianças relacionados à automutilação e ao suicídio.

A informação da operação foi divulgada ontem pelas autoridades. Como os outros perfis que utilizam a imagem macabra de um homem vestido do personagem da Disney, a conta usava o nome fictício de "Jonathan Galindo".

Desde junho ao menos três estados registraram casos relacionados ao "Homem Pateta". As polícias de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, além de São Paulo, estão cientes e emitindo alertas sobre o caso, que envolve perfis que propõem os desafios para crianças.

O adolescente, que não teve nome e idade divulgados, confessou que enviava mensagens do perfil e disse que se tratava "apenas de uma brincadeira". A polícia apreendeu seu celular e uma perícia será realizada no aparelho. O inquérito corre na Delegacia Seccional de Sorocaba.

A investigação será enviada à Vara da Infância e Juventude e o adolescente poderá responder por atos infracionais (menores de 18 anos são inimputáveis no país) como ameaça e instigação ao suicídio.

"A investigação realizada demonstra que não existe anonimato na internet e reforça que a Polícia Civil é o filtro permanente da justiça e da legalidade", diz a polícia em nota.

O caso

O caso do "Homem Pateta" relembra outras situações que repercutiram muito na internet, como o caso da Baleia Azul ou da Boneca Momo. São perfis que instigam crianças e adolescentes, por meio de "desafios", à automutilação e, por vezes, ao pensamento suicida.

Em Santa Catarina, por exemplo, a situação veio à tona no programa "Proteger Para Conhecer", que tem como objetivo conscientizar pais, responsáveis, professores, crianças e adolescentes com palestras sobre os perigos da internet, conforme mostrado pelo UOL.

Os perfis com o nome Jonathan Galindo e uma imagem de um homem vestido de Pateta passaram a se multiplicar nas redes (hoje, há menos perfis e alguns de protesto contra a sua atuação, como o "jonathangalindoresistance"), em especial no Facebook e no Instagram.

Algumas dessas páginas têm conteúdo em português. Houve relatos de mães que viram seus filhos ou familiares crianças dialogando com perfis com a fotografia assustadora.

O homem que aparece nas fotografias seria James Fazzaro, cineasta, maquiador e dono da empresa JMF Filmworks. Há registros dele divulgando suas imagens fantasiado de Pateta em 2012 e 2014, e, até o momento, não há qualquer informação sobre sua relação com o caso.

Os primeiros casos dos supostos desafios suicidas ainda são pouco conhecidos, mas há especulações de que os desafios suicidas relacionados ao "Homem Pateta" aparecido pela primeira vez na Europa e no México em 2017.

No último dia 30, a Polícia Federal informou que está investigando o caso e orientou pais e mães para que mantenham proximidade aos filhos quando estes estiverem utilizando a