quarta-feira, 10 de julho de 2019

Projeto que regulamenta demissão de concursado por mau desempenho vai a Plenário


   
Da Redação | 10/07/2019, 12h54 - ATUALIZADO EM 10/07/2019, 14h57
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou nesta quarta-feira (10) um projeto de lei que regulamenta a demissão de servidores públicos concursados e estáveis por insuficiência de desempenho no trabalho. O PLS 116/2017-Complementar, da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) ainda passaria pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC). No entanto, requerimento de urgência apresentado pela relatora da matéria, senadora Juíza Selma (PSL-MT), pode levar o projeto diretamente para o Plenário.
Os servidores públicos concursados adquirem estabilidade após três anos de serviço e avaliações periódicas de desempenho. A partir desse ponto, só podem ser demitidos por decisão judicial ou processo administrativo disciplinar. Uma terceira possibilidade, a demissão por mau desempenho, foi incluída na Constituição em 1998 pela Emenda Constitucional 19, da reforma administrativa, mas ainda aguarda a regulamentação para poder ser colocada em prática.
Parâmetro para a eventual demissão, o desempenho funcional dos servidores deverá ser apurado anualmente por uma comissão avaliadora, garantindo-se o direito ao contraditório e à ampla defesa. As regras sugeridas no projeto deverão ser seguido nas administrações públicas federal, estadual, distrital e municipal (veja mais detalhes abaixo).
Juíza Selma acatou a versão que havia sido aprovada anteriormente pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que era um substitutivo do senador Lasier Martins (Pode-RS). Ela rejeitou as nove emendas apresentadas à comissão e acrescentou apenas uma modificação, que inaugura as avaliações periódicas no dia 1º de maio do segundo ano após a entrada em vigor do texto. Originalmente, esse intervalo era de um ano.
Durante a discussão da matéria na CAS, Lasier asseverou que não se trata de uma ameaça aos servidores, mas uma medida que reconhece a hipótese da meritocracia, com incentivo aos servidores. O senador Jayme Campos (DEM-MT) também considerou o PLS 116/2017 relevante “para tornar o serviço público mais eficiente”.
Já os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Zenaide Maia (Pros-RN) criticaram a proposta, questionando os critérios de avaliação. Eles manifestaram preocupação com o tema e pretendiam aprofundar o debate na CDH, mas foram voto vencido.

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O projeto propõe uma avaliação anual de desempenho dos servidores, compreendendo o período entre 1º de maio de um ano e 30 de abril do ano seguinte. Para cada servidor, o responsável pela avaliação será uma comissão formada por três pessoas: a sua chefia imediata, outro servidor estável escolhido pelo órgão de recursos humanos da instituição e um colega lotado na mesma unidade.
A versão original propunha as avaliações a cada seis meses, conduzidas apenas pela chefia imediata. O relator na CCJ, Lasier Martins, resolveu ampliar o prazo por julgar um semestre “lapso temporal muito curto para a avaliação”. O relator também transferiu a responsabilidade pela avaliação de desempenho para uma comissão, explicando que deixar essa decisão nas mãos de uma única pessoa representaria risco de ela acabar "determinada por simpatias ou antipatias".
Produtividade e qualidade serão os fatores avaliativos fixos, associados a outros cinco fatores variáveis, escolhidos em função das principais atividades exercidas pelo servidor no período. Inovação, responsabilidade, capacidade de iniciativa, foco no usuário/cidadão são alguns dos fatores variáveis a serem observados.
Enquanto os fatores de avaliação fixos vão contribuir com até metade da nota final apurada, os variáveis deverão corresponder, cada um, a até 10%. As notas serão dadas em uma faixa de zero a dez. E serão responsáveis pela conceituação do desempenho funcional, dentro da seguinte escala: superação (S), igual ou superior a oito pontos; atendimento (A), igual ou superior a cinco e inferior a oito pontos; atendimento parcial (P), igual ou superior a três pontos e inferior a cinco pontos; não atendimento (N), inferior a três pontos.
A possibilidade de demissão estará configurada, segundo o substitutivo, quando o servidor público estável obtiver conceito N (não atendimento) nas duas últimas avaliações ou não alcançar o conceito P (atendimento parcial) na média tirada nas cinco últimas avaliações. Quem discordar do conceito atribuído ao seu desempenho funcional poderá pedir reconsideração ao setor de recurso humanos dentro de dez dias de sua divulgação. A resposta terá de ser dada no mesmo prazo.
Também caberá recurso da decisão que negar, total ou parcialmente, o pedido de reconsideração. Essa possibilidade só será aberta ao servidor a quem tenha sido atribuído conceito P ou N. O órgão de recursos humanos terá 15 dias, prorrogáveis por igual período, para decidir sobre o recurso.
Esgotadas essas etapas, o servidor estável ameaçado de demissão ainda terá prazo de 15 dias para apresentar suas alegações finais à autoridade máxima da instituição onde trabalha. O substitutivo deixa claro também que a insuficiência de desempenho relacionada a problemas de saúde e psicossociais poderá dar causa à demissão. Mas só se a falta de colaboração do servidor no cumprimento das ações de melhoria de seu desempenho não decorrer exclusivamente dessas circunstâncias.
O PLS 116/2017 pretendia estabelecer um processo de avaliação de desempenho diferenciado para servidores de carreiras exclusivas de Estado, como policiais, procuradores de órgãos de representação judicial, defensores públicos e auditores tributários. A intenção era permitir, a essas categorias, recorrer à autoridade máxima de controle de seu órgão caso houvesse indeferimento total ou parcial de recurso contestando o resultado da avaliação. A exoneração de tais servidores por insuficiência de desempenho também dependeria de processo administrativo disciplinar específico.
A especificação dessas carreiras foi suprimida no substitutivo de Lasier Martins, ratificado agora na CAS. O senador justificou a medida alegando ser inconstitucional um projeto de lei de iniciativa parlamentar fazer essa definição em relação a servidores de outros Poderes. Na reformulação desse dispositivo, ficou estipulado que a exoneração por insuficiência de desempenho de servidores vinculados a atividades exclusivas de Estado dependerá de processo administrativo específico, conduzido segundo os ritos do processo administrativo disciplinar.
A senadora Juíza Selma elogiou o substitutivo de Lasier, entendendo que o texto fechou o espaço para possíveis "excessos" e "ações arbitrárias" que pudessem comprometer a estabilidade dos servidores públicos. Segundo ela, o substitutivo reduziu a discricionariedade do processo avaliativo e tornou mais objetivos os seus critérios e procedimentos. Em seu relatório, Selma defendeu a importância do princípio da estabilidade.
"Quem está ameaçado de perder o cargo a qualquer tempo, se contrariar a vontade da autoridade superior, não tem condições de se insurgir contra determinações arbitrárias e se recusar a cumprir ordens manifestamente ilegais", escreveu ela.
Na justificativa da versão original do projeto, a senadora Maria do Carmo Alves assegurou que seu objetivo não é prejudicar os servidores públicos dedicados, “que honram cotidianamente os vencimentos que percebem e são imprescindíveis para o cumprimento das atribuições estatais”.
“Temos que ter em vista que, quando não há a perda do cargo de um agente público negligente, sérias consequências derivam dessa omissão. A sociedade se sente lesada, porquanto desembolsa pesados tributos para o correto funcionamento da máquina pública que, por sua vez, não lhe retorna o investimento em bens e serviços. Além disso, a mensagem passada aos servidores responsáveis e que prestam bem o seu papel é de que não vale a pena o esforço, pois aquele funcionário que não trabalha e sobrecarrega os demais jamais será punido”, argumentou a autora.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

terça-feira, 9 de julho de 2019

Após passeata com mais de 30 mil, servidores do Paraná ocupam a Assembleia

Após passeata com mais de 30 mil, servidores do Paraná ocupam a Assembleia

Greve de 30 categorias tem forte adesão dos policiais, professores e profissionais da saúde

Brasil de Fato | Curitiba (PR)
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Milhares de servidores em greve ocuparam nesta terça (9) a Assembleia Legislativa / Luciano Palagnano
“Ratinho Junior, que vergonha, é o servidor que constrói o Paraná”, diziam os mais de 30 mil servidores públicos em greve que se reuniram em grande Ato unificado na manhã desta terça (9). O governo do Paraná tem uma dívida de reposição com o funcionalismo de 17%, que é decorrente do congelamento de salários desde 2016. Além desta reivindicação, o movimento grevista pede melhorias nas condições de trabalho para cerca de 30 categoriais profissionais que estão em greve desde o dia 25 de junho. Na semana passada, Ratinho Junior apresentou uma proposta de reajuste no valor de 0,5%, e nesta semana propôs 2% para ser pago em janeiro. As propostas só fizeram o movimento crescer em protesto. Na parte da tarde, milhares de servidores ocuparam a Assembleia Legislativa.
Uma caminhada até o Palácio Iguaçu teve à frente as esposas dos policiais que, por lei, não podem fazer greve. Além delas, familiares que lá estavam para apoiar o movimento. Izabel Neves esposa de um policial que segurava uma faixa com os dizeres “policial e bombeiro militar também tem que levar pão para sua família. Data base já”, garantiu que não arredarão o pé enquanto o governador não apresentar uma proposta decente. “Quando ele era deputado foi para cima da ex governadora que queria dar 1% e ele propôs e defendeu aumento de 2,5%. Por que agora ele com a máquina na mão promete 0,5%. O que vamos fazer com isso”, questiona Izabel. Para ela, o governador enganou o povo na campanha eleitoral. “ Isso é promessa de campanha. Ele prometeu para mim, para o povo e não está cumprindo. ”
Enquanto a caminhada acontecia e chegava até a frente das portas do Palácio, uma comissão de servidores conversava com representantes do governo na terceira mesa de negociação que acontece desde o dia 25. Além desta reunião, outra acontecia em paralelo na Secretaria de Educação, sobre demandas especificas dos professores.
“Fora, Feder”, pediam professores durante o ato
O professor de História e representante da APP sindicato, núcleo Curitiba Norte, Fabiano Stoiev, explicou que ”as propostas apresentadas pelo Governador não satisfazem os servidores, pois é uma defasagem salarial que tem prejudicado a vida dos trabalhadores. A situação é bastante grave por isso a greve.” Além disso, "há um descaso por parte do Secretário da Educação com as nossas demandas."
No ato, muitas faixas denunciando que o Secretário estava em férias viajando no meio da greve deram o tom de indignação dos professores.  Em nota, a APP sindicato justifica o pedido pela demissão de Renato, por considerar que o Secretário tem interesses mercadológicos na educação. “Renato Feder, empresário, assumiu a Secretaria de Estado da Educação (Seed) em janeiro e não tem experiência com educação pública e quer estabelecer uma política empresarial nas escolas estaduais. A secretaria, sob seu comando, pretende realizar uma prova para contratação de professores (as) temporários e a APP-Sindicato denúncia que os custos deveriam ser investidos em realização de concurso público, já que são mais de 30 mil profissionais temporários atuando hoje somente na educação,” diz a nota.
Ocupação na Assembleia
Os servidores permanecem acampados no Centro Cívico aguardando o resultado das negociações feitas na manhã desta terça. Radicalizando movimento já que nenhuma proposta vem do governo, milhares de servidores entraram hoje na Assembleia Legislativa e prometem que só sairão de lá quando uma proposta viável aparecer.
Edição: Brasil de Fato Paraná

Agente penitenciário é preso após atirar por engano em carro onde estava família


Em audiência de custódia ficou decidido que Cristóvão da Silva Nunes responderá em liberdade. Um dos tiros disparados por ele feriu uma pessoa

A Rua Piraquara, em Realengo GOOGLE STREET VIEW / REPRODUÇÃO
POR ANA CAROLINA TORRES
Atualizado: 
RIO — Um agente penitenciário foi preso em flagrante, na noite deste domingo, após atirar por engano no carro onde estava uma família, na Rua Piraquara, em Realengo, na Zona Oeste do Rio. Cristóvão da Silva Nunes passou por uma audiência de custódia onde ficou decidido que ele responderá em liberdade. A Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) afastou o agente de suas funções.
Um dos disparos atingiu de raspão um dos braços do motorista do veículo. Luis Sérgio Gomes de Oliveira Junior foi atendido no Hospital municipal Albert Schweitzer, também em Realengo, e já teve alta.
De acordo com a polícia, o agente teria confundido o carro da família com o seu, que havia sido roubado na região. Pelo menos oito tiros teriam sido disparados, a maior parte na porta do motorista. Um dos disparos atingiu o banco do passageiro, onde estava sentada uma mulher, que havia se abaixado e, por isso, não foi ferida.
Policiais militares do 14º BPM (Bangu) foram para o local e levaram o agente para a 35ª DP (Campo Grande), onde ele foi preso.
A Seap informou que "foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), pela Corregedoria, para apurar os fatos". A nota destaca ainda que o funcionário "foi afastado do serviço operacional e irá atuar em um setor administrativo até a conclusão das investigações".
Carro de músico foi fuzilado por engano
Em 7 abril deste ano, militares abriram fogo por engano contra o carro onde estava o músico Evaldo dos Santos, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio. Ele morreu. Além de Evaldo, estavam no veículo sua esposa, Luciana Nogueira, seu sogro, o filho do casal de 7 anos e uma amiga da família. Eles iam para um chá de bebê.
Uma das mais de 200 balas disparadas pelos militares atingiu o catador Luciano Macedo, que tentou ajudar a família. Ele morreu 11 dias depois. Na ocasião, os militares alegaram ter confundido o veículo do músico com o de bandidos que haviam passado pela região momentos antes.