Alckmin perde foro privilegiado e Lava Jato em São Paulo pede para investigá-lo no estado
Depoimentos de colaboradores da Operação Lava Jato indicaram o repasse de recursos para Alckmin a título de contribuição eleitoral.
Por G1 SP
10/04/2018 17h46 Atualizado há 12 horas
A Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo pediu nesta segunda-feira (9) ao Vice-Procurador-Geral da República, Luciano Mariz Maia, que “remeta o mais rápido possível” o inquérito sobre o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ao estado.
Alckmin perdeu o foro privilegiado quando renunciou ao cargo de governador, no último dia 6 de abril, para disputar a indicação de seu partido para concorrer à Presidência da República.
A investigação contra o ex-governador de São Paulo foi aberta a partir da petição encaminhada pelo Ministro Edson Fachin à Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça.
Depoimentos de colaboradores da Operação Lava Jato Benedicto Barbosa da Silva Junior, Carlos Armando Guedes Paschoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva indicaram o repasse de recursos para Alckmin a título de contribuição eleitoral. As doações ilegais teriam contado com a participação do cunhado do pré-candidato a presidente, Adhemar César Ribeiro.
A Força Tarefa requereu que as investigações a respeito (judiciais e extrajudiciais relativas à Lava Jato) sejam encaminhadas para São Paulo "com urgência, tendo em vista o andamento avançado de outras apurações correlatas sob nossa responsabilidade".
O G1 procurou contato com a assessoria Alckmin e aguarda posicionamento.
Tesoureiro
Em vídeo gravado pelos investigadores da Lava Jato, Arnaldo Cumplido, ex-executivo da Odebrecht, relata pagamentos superiores a R$ 6 milhões em caixa 2 para a campanha de Alckmin ao governo de São Paulo em 2014.
À época, Cumplido era o responsável pelo contrato de construção da Linha 6 - Laranja do Metrô e encarregado de liberar as transferências ilegais. As obras da Linha, que ligaria o Centro à Zona Norte de São Paulo, estão paradas desde o final de 2016.
No depoimento, ele afirma que os pagamentos eram orientados por Luiz Antonio Bueno, seu chefe direto, via e-mail. De acordo com o ex-executivo, o dinheiro era destinado a “Salsicha” e “MM”, ambos codinomes de Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha de Alckmin naquele ano.
“Entre abril e outubro de 2014, Luiz Bueno solicitou que programasse pagamentos para o codinome "mm" e também "salsicha", e que "MM" seria Marcos Monteiro, coordenador financeiro da campanha de Geraldo Alckmin.”
Em nota enviada ao G1 no dia 13 de abril de 2017, o secretário Marcos Monteiro disse que a gestão financeira da campanha de 2014 foi feita dentro da lei e todas as contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral.
O delator explica que as transferências não tinham contrapartida, ou seja, nenhuma relação com a obra do Metrô - foram usadas para efeito de alocação de custo, somente. “Era um apoio para a campanha do governo do estado de São Paulo. Teoricamente, esses valores saíam dos custos das obras do estado São Paulo.”
Cumplido alega que não tinha contato com Monteiro tampouco com Geraldo Alckmin, apenas executava o que seu superior ordenava por e-mail. “Por que o Luiz Bueno, já que era ele um dos que tinham contato com essas pessoas, ele mesmo não entrava em contato com essas pessoas?”, questiona a investigadora.
“Não sei. Passavam para mim, eu fazia. Por que que me pedia eu não sei”, responde
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