Um em cada quatro internos que fugiram da Fundação Casa nos últimos 2 anos foi recapturado
Número de fugas aumentou neste ano. Presidente da Fundação diz que não tem autorização para contratação de funcionários e para adquirir equipamentos de segurança.
Levantamento feito pelo SP1 aponta que em algumas unidades da Fundação Casa o número de fugas em 2017 em São Paulo já é maior do que em todo o ano passado. A maioria dos menores que escaparam continua na rua. Ao todo, em pouco mais de dois anos, 670 menores fugiram e 161, ou 24% do total, foram recapturados.
Em 2015, dos 379 menores que fugiram, 78 foram recapturados. Em 2016, mais 204 escaparam, e 60 voltaram. Neste ano, de janeiro a maio, 87 fugiram de todas as unidades da Grande São Paulo, e 23 foram encontrados.
A direção da Fundação Casa diz que toda a parte leste da capital e da Grande São Paulo é a mais complicada, por causa do tráfico de drogas muito presente. Este ano, até maio, foram 17 fugas na unidade Ferraz de Vasconcelos, num único dia, 23 de abril. No ano passado foram 3.
A unidade campeã no número de fugas este ano em todo o estado é a de Guaianazes. De janeiro a maio, foram 60 casos. Em 5 meses, mais jovens fugiram do que no ano passado inteiro. Funcionário da unidade relataram trabalhar em situação “precária”, o que, segundo eles, facilita as fugas.
Falta de segurança e de funcionários
A última fuga em massa foi há um mês, quando 11 fugiram depois de homens armados renderem funcionários. “Renderam os funcionários, trancaram dentro das celas os funcionários, e soltaram os moleques”, disse um funcionário que não quis se identificar. Um mês antes, em 12 de abril, 26 já haviam fugido.
Funcionários também reclamaram da falta de apoio da polícia. “A gente pediu garantia da polícia aqui. Falaram que a polícia é pra comunidade, não é para a Fundação Casa”, relatou um funcionário não identificado.
Funcionários da unidade Guaianazes também dizem que unidade tem menos agentes educativos e vigilantes do que o necessário. ”Hoje mesmo tem cinco funcionários trabalhando no pátio”, afirmou um funcionário que não quis se identificar. Segundo ele, há 44 internos no local.
O presidente do sindicato da categoria, Aldo Damião Antonio, disse que muitos funcionários são deslocados para outras funções. “Tem um quadro que tem quatro, cinco [funcionários], mas um tem que sair, levar o adolescente que ficou doente pro PS. Muitas vezes o outro trabalhador lá de dentro tem que fazer aquela função”, disse.
Orçamento de R$ 1,6 bilhão
Em 2017, o orçamento para as Santas Casas era de R$ 1,6 bilhão para cuidar de de 9.453 internos, segundo dados de junho.
A presidente da Fundação Casa, Berenice Gianella, disse que muitas vezes as unidades acabam engolidas pela cidade, pois ficam em áreas periféricas perto de comunidades, e que isso compromete a segurança. Berenice também disse haver dificuldade para fazer contratações e adquirir novas câmeras.
“A contratação e a instalação de câmera, eu só posso fazer com autorização do governo, e nós não temos essa autorização no momento. Estamos pedindo mais servidores, câmeras, e não temos essa autorização ainda. Você sabe que o governo enfrenta uma crise financeira, o Brasil inteiro, e nós estamos tendo dificuldade para isso”, disse
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