quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Exonerações na Polícia Civil crescem 300% nos últimos quatro anos e preocupam sindicato

 


Por
Sul 21
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UGEIRM acredita que déficit salarial é um dos principais motivos para a perda de policiais. Foto: Luiza Castro/Sul21
UGEIRM acredita que déficit salarial é um dos principais motivos para a perda de policiais. Foto: Luiza Castro/Sul21

Por Felipe Prestes

O aumento nos pedidos de exoneração na Polícia Civil do Rio Grande do Sul preocupa a UGEIRM – sindicato que representa escrivães, inspetores e investigadores. Em 2023, segundo a entidade, 64 profissionais deixaram a instituição. O número é 48,8% maior que em 2022, com 43 exonerações registradas e 300% maior que em 2020, quando apenas 16 policiais civis deixaram a polícia. 

Para a UGEIRM, a queda no poder de compra dos salários é o principal motivo para os pedidos de exoneração. Nos últimos cinco anos, a categoria teve apenas 6% de reposição salarial. 

Segundo o vice-presidente do sindicato, Fábio Castro, há policiais que ficam poucos anos e já saem para outro cargo público por entenderem que o salário não compensa a atividade. “Do concurso ao curso de formação, processo que dura cerca de três anos, tem um investimento do Estado, da sociedade. Tem a bolsa de formação, o gasto com os equipamentos, como as munições usadas nos treinamentos. Com este investimento, se espera que a pessoa vá trabalhar na Polícia Civil por 30 anos, mas ela trabalha dois anos e vai para outro cargo, porque o salário não é atrativo”, avalia. Para Castro, as reformas previdenciárias, estadual e federal, que acabaram com a integralidade da aposentadoria dos policiais, também pesam nas baixas no efetivo. 

De acordo com o sindicalista, a perda de policiais gera sobrecarga de trabalho, com maior realização de horas extras e esgotamento dos profissionais. “Há delegacias no interior com uma pessoa, que precisa atender e investigar. E essa pessoa tem problemas para tirar férias, precisa ir alguém de outra cidade para seu lugar, tem problemas para fazer um curso para se qualificar”, conta. O impacto do déficit de servidores, acredita Castro, se faz sentir pela população. “Há dificuldades para atender, equipes de plantão com menos gente para atendimento da população, há menos gente para atuar nas investigações.”  

Atualmente, uma turma de cerca de 350 pessoas está concluindo o curso de formação para ingressar nas fileiras da Polícia Civil. Além de repor aposentadorias, estas pessoas deveriam incrementar o efetivo, de acordo com o sindicato. No entanto, um terço desses ingressantes irão repor as mais de 100 exonerações dos últimos dois anos. Hoje, a PC tem cerca de 5 mil policiais. O efetivo, em meados dos anos 1990, chegou a ser de 6,4 mil policiais. “De lá para cá, a população aumentou e os crimes ficaram mais complexos”, afirma o vice-presidente da UGEIRM. 

Sul21 procurou a direção da Polícia Civil gaúcha e aguarda uma resposta a seus questionamentos desde a última sexta-feira (5), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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