Novos agentes penitenciários recebem aulas de defesa pessoal para ação em possíveis rebeliões
12 agentes penitenciários foram feitos refém em rebelião histórica, no dia 1 de janeiro de 2017. Candidatos também passam por preparações psicológicas.
Por Patrick Marques, G1 AM — Manaus
Futuros agentes penitenciários do AM tem aulas de defesa pessoal em Manaus
Motins, rebeliões, pessoas feitas refém. Estas são situações que podem acontecer em unidades prisionais. Agentes carcerários são os funcionários do sistema prisional que estão em contato pessoal direto com os detentos e ficam sujeitos a serem vítimas dessas ações. Antes de começarem na profissão, eles passam por cursos de defesa pessoal e também preparação psicológica para assumir a função. (veja vídeo)
Os cursos são oferecidos pela Umanizzare, empresa terceirizada que administra presídios no Amazonas. Durante um processo de seleção para trabalharem em unidades prisionais, os aspirantes a agentes penitenciários são avaliados em várias etapas.
As vagas são oferecidas ao público, quando disponíveis. Um processo de seleção é feito, com entrevistas e provas aplicadas. Os aprovados são submetidos a um curso de formação, onde também são avaliados. Durante o curso, os futuros agentes tem aulas de preparação da parte psicológica até defesa pessoal.
Para estarem preparados, os agentes já têm uma noção de como reagir a diversas situações, caso sejam atacados por detentos, após as aulas de técnicas de defesa pessoal da arte Krav Magá. As técnicas ensinadas mostram aos candidatos como reagir apenas usando o corpo, já que não há uso de armas pelos profissionais.
Ao fim do processo, os candidatos aprovados para as vagas são selecionados e começam a atuar nas unidades prisionais do Amazonas. O Estado tem 19 unidades prisionais. 11 ficam em Manaus e 8 no interior.
Rotina nos presídios
Dentro das unidades prisionais, os agentes seguem uma rotina de acompanhamento dos detentos. Eles os orientam de acordo com uma planilha de atividades impostas pela Secretadia de Administração Penitenciária (Seap).
"Vai desde a abertura de celas, vão para o banho de sol, alimentação, voltam para as celas. Tudo é acompanhado por nós, com a supervisão de pessoas da Seap. São horários cumpridos religiosamentem todos os dias", explicou uma agente que atua no sistema, que preferiu não se identificar.
De acordo com um levantamento feito pelo G1, no Monitor da Violência, o número de presos é de 9,7 para cada agente penitenciário que atua no sistema prisional do Amazonas.
Rebelião histórica
As unidades prisionais do Amazonas já foram palcos de rebeliões como a ocorrida no dia 1 de janeiro de 2017, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Na ocasião, 56 presos foram mortos dentro da unidade. Outros 12 agentes penitenciários também foram rendidos e mantidos refém durante o motim.
Durante uma aula de defesa pessoal, era possível ouvir um istrutor dizer frases como "Se você tivesse feito isso lá dentro, você já estaria morto", ao ver um agente em formação errar algum movimento. Ele também lembrava da rebelião de 1 de janeiro, ao dizer "Eles degolavam as pessoas. vocês precisam estar sempre atentos. Se deter um a sua frente, outro pode vir por trás e te esfaquear", disse.
Pouco mais de um ano após a rebelião, o G1 ouviu um agente penitenciário que estava no Compaj no dia e foi testemunha da rebelião. O medo, a insegurança em atuar cara a cara com os detentos, e ameaças durante o trabalho estavam entre os principais relatos
Nenhum comentário:
Postar um comentário