Servidores do Estado têm de encarar fila para agendar exames
Centenas de funcionários públicos estaduais tiveram de madrugar e enfrentar fila quilométrica para tentar marcar exames na Santa Casa pelo Iamspe; antes, agendamentos eram feitos pelo telefone
Centenas de funcionários públicos do Estado de São Paulo tiveram que enfrentar uma fila para conseguir marcar exames de cardiologia, nesta terça-feira, dia 20, na Santa Casa de Rio Preto - único hospital credenciado para fazer exames na região pelo Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual). A fila dobrava a esquina da entrada para o hospital, na rua Tiradentes. A Santa Casa informou que foram atendidos 318 pacientes e agendados 1.120 exames.
Os pacientes reclamavam que o agendamento, que antes era feito por telefone ou pessoalmente em qualquer dia, passou a ser realizado a cada dois meses somente nos dias 20. A Santa Casa, no entanto, informou que o problema era pontual e que ocorreu em razão de um equívoco de uma funcionária terceirizada que faz o agendamento. Na manhã desta segunda-feira, somente duas funcionárias estavam atendendo as centenas de pacientes. A espera durou cerca de seis horas.
Moradora de Riolândia, a professora aposentada Tercilia Carvalho de Jesus Narassi, de 76 anos, chegou na fila por volta das 6h30. Ela veio preparada: trouxe um banquinho e um guarda-chuvas. "Ano passado aconteceu a mesma coisa, mas consegui marcar exames. Dessa vez, trouxe o banquinho porque sabia que a espera seria longa. E mesmo com o guarda-chuvas, molhei as costas", conta a aposentada que pretendia marcar dois exames: doppler de safena e doppler de carótidas e vertebrais bilateral. Ela estava indignada. "Trabalhei por dois períodos para ter um dinheirinho, mais a aposentadoria defasada, aí quando precisamos de atendimento é esse pouco caso. Pedem para todo mundo vir no mesmo dia e numa hora só".
Com dor nas costas e problemas circulatórios, a professora Marilde de Fátima Toninatto, 52 anos, permanecia na fila para agendar exames de esteira, ecocardiograma e doppler. Ela mora em Estrela d'Oeste e precisou viajar 220 quilômetros e "perder o dia de serviço. Antigamente agendava por telefone. Hoje, temos que ficar na fila, debaixo de chuva, sujeito a ficar doente. Com fome, sede, sem lugar para ir no banheiro. Para o Estado, primeiro morre, depois faz o exame." Ela se queixa: "tenho pressão alta, problema circulatório, dor na perna direita. Olha o nervoso que a gente passa e podia estar trabalhando".
A professora Evanir Euzébio Fernandes, 57 anos, que encarou a fila para marcar exames para a mãe dela, Arlinda Lima da Silva, 79 anos, pretende recorrer ao SUS em busca de mais agilidade. "Ela passou pelo médico no dia 2 de maio e ainda não conseguimos marcar os exames. Se não conseguir uma data hoje, vou tentar o SUS para ver se é mais rápido. Uma senhora da idade da minha mãe não pode esperar tanto assim".
A demora no agendamento também perturba o professor aposentado Job Tenório de Lima, 59 anos. Ele conta que há seis meses tem tentado marcar os exames de doppler e esteira. "É um absurdo porque temos o desconto em folha. Se marcar hoje, vão fazer o exame daqui uns dois meses. Bom, se marcar ainda estamos gratos".
Erro de funcionária, diz Santa Casa
A grande fila que se formou em frente à Santa Casa para agendamento de exames foi "um problema pontual", segundo o administrador da Santa Casa, Valdir Furlan. "Foi um equívoco da funcionária terceirizada do setor de cardiologia, que orientou de forma errada os pacientes a virem todos hoje", alegou. "Criou-se uma fila desnecessária, com pessoas de várias regiões, como Araçatuba, Barretos, Jales, Araraquara".
Em nota, a assessoria de imprensa do Iamspe confirmou a alegação. "A direção do Instituto entrou em contato com o provedor da Santa Casa de São José do Rio Preto, que informou tratar-se de um problema pontual nas marcações de procedimentos cardiológicos e que não deverá ocorrer novamente".
O comunicado diz ainda que a "Santa Casa é um dos prestadores com maior remuneração do Estado de São Paulo. O valor atual está de acordo com a capacidade de atendimento do hospital. Nos últimos três anos, foram repassados para instituição mais de R$ 45 milhões".
Questionada sobre as medidas que pretende adotar para melhorar o atendimento aos beneficiados, o Iamspe afirmou que recentemente publicou editais de credenciamento para ampliar a oferta de exames no município. "Ao todo, foram selecionados três novos prestadores, que iniciam os atendimentos em março. Com essa adequação, o Instituto investe na cidade mais R$ 1,25 milhão neste ano".
Para marcação de consultas e de exames, a orientação é de que os usuários entrem em contato diretamente com o Ceama de Rio Preto através dos telefones: (17) 3235-4055 / 3414/ 3425. Na região, o Iamspe está presente em 12 municípios. (TP)
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