quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Governo defende contrato de trabalho por hora, com direitos proporcionais


Governo defende contrato de trabalho por hora, com direitos proporcionais

Proposta de reforma trabalhista vai prever jornada intermitente, diz Ronaldo Nogueira


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BRASIL - Brasília - BSB - PA - 20/07/2016 - Café da manhã com o ministro do Trabalho e Previdência Social, Ronaldo Nogueira. Foto de Jorge William /Agência O Globo - Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA - O governo deve encaminhar até a segunda quinzena de dezembro, ao Congresso Nacional, o texto final do projeto de reforma trabalhista. Em entrevista ao GLOBO, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse que estuda a criação de um contrato de trabalho “por número de horas”, uma forma de permitir que empregadores possam contratar com jornada inferior à estipulada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pagar direitos proporcionais a esse valor. Dessa forma, os problemas de meia jornada ou jornada intermitente (somente aos fins de semana ou feita em casa, por telefone ou computador) ficariam resolvidos.
— A intenção é respeitar sempre a jornada acertada pela respectiva categoria na negociação coletiva. A ideia é atender questões sazonais do mercado de trabalho, a jornada intermitente, por exemplo — disse Nogueira.
IMPOSTO SINDICAL DEVE SER MANTIDO
Hoje, o trabalhador com carteira assinada deve trabalhar oito horas diárias ou 44 horas semanais. Para períodos menores, o empregador tem a opção de assinar um contrato temporário, com duração de três meses; por tempo determinado; ou por tempo parcial. Este último permite que o trabalhador atue por até 25 horas semanais, mas é considerado um contrato muito engessado pelas empresas e tem pouca adesão.
Junto às mudanças nas leis trabalhistas, Nogueira afirmou, ainda, que pretende enviar ao Congresso também um projeto com algumas alterações na legislação sindical, uma “minirreforma sindical”. O governo deve criar um conselho de autorregulação sindical, com integrantes do governo e representantes dos trabalhadores, para discutir as mudanças. A intenção é manter o imposto sindical obrigatório e regulamentar o princípio da unicidade sindical, que fixa um único sindicato por base territorial.
Ele afirmou que os sindicatos terão um novo papel na reforma trabalhista e mais força para negociar acordos. A ideia é que eles invistam mais na qualificação dos filiados e criem um departamento específico para homologação de rescisões contratuais. Segundo o ministro, a reforma trabalhista terá três eixos: segurança jurídica, novas oportunidades de ocupação com renda e consolidação de direitos.
A proposta de reforma trabalhista sofre pressão de ambos os lados: os sindicatos querem barrar qualquer perda de direitos, à medida que os trabalhadores têm menos força para se impor na negociação; já as empresas pressionam por uma legislação menos engessada.
Na semana passada, o ministro do Trabalho recebeu da Confederação Nacional da Indústria (CNI) um documento com 12 propostas para a modernização das relações trabalhistas. A principal reivindicação é para que termos negociados com os funcionários possam se sobrepor à lei em casos específicos.
Segundo a CNI, há hoje mudanças que já são aceitas pelos próprios sindicatos, mas que acabam barradas pela Justiça do Trabalho. Um exemplo citado é a prorrogação da jornada em atividades insalubres. Segundo a confederação, muitos sindicatos e empresários têm realizado, ao longo das últimas décadas, acordos para a ampliação dessa jornada, mas a Justiça acaba, muitas vezes, não validando os acordos. O pedido é para que o governo altere o artigo 60 da CLT e, assim, permita que a prorrogação possa ser definida em negociação coletiva ou individual.
O compilado de propostas inclui, ainda, a aprovação de projeto de lei (PL), em trâmite no Congresso Nacional, que regulamenta a terceirização, “de forma que se permita à empresa escolher o que terceirizar”. O PL propõe o fim da distinção entre atividade-fim e atividade-meio. Dessa forma, a contratação de serviços terceirizados poderia ocorrer para qualquer atividade, desde que a empresa contratada esteja focada em uma atividade específica.
Nogueira, no entanto, já se posicionou em outras ocasiões sobre o projeto e afirmou que ele não deveria ser votado antes que se chegue a um consenso entre empresas, trabalhadores e juristas. Como deputado, inclusive, o atual ministro do Trabalho votou contra esse projeto.
A CNI pede também a alteração do texto da norma NR 12, que dispõe sobre segurança e higiene do trabalho na operação de máquinas. Segundo o setor, a norma traz regras subjetivas e não deixa explícito, por exemplo, a distinção entre a responsabilidade do fabricante dos equipamentos e da empresa que os utiliza. A pauta abrange a inclusão de novas empresas no decreto 27.048/49, que autoriza trabalho aos domingos e feriados. E, ainda, a exclusão dos acidentes de trajeto do cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), que servem de referência para o pagamento dos seguros de acidente de trabalho.
A indústria quer, ainda, permissão para adotar outros sistemas eletrônicos de ponto além do REP, usado hoje. Segundo a CNI, “essa exclusividade é onerosa, não está pautada nas formas mais modernas e seguras de controle eletrônico de jornada”.
Outro pedido do setor ao ministério é para que seja revogada a portaria que dispõe sobre trabalho escravo. Segundo a proposta da CNI entregue a Nogueira, a portaria que dispõe sobre trabalho em condições análogas à escravidão tem conceito “bastante subjetivo, utilizando expressões vagas como jornada exaustiva e condições degradantes, o que dá margem a caracterizações arbitrárias”.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Conheça o significado do 7 de Setembro, data que marca a Independência do Brasil

Conheça o significado do 7 de Setembro, data que marca a Independência do Brasil

Memória

Relembre os fatos que antecederam e que culminaram no marco tão importante para a história do País
por Portal BrasilPublicado01/09/2016 21h30Última modificação01/09/2016 23h28
Exibir carrossel de imagensMarcelo Camargo/Agência BrasilOs tradicionais desfiles de sete de setembro levam milhares de pessoas às ruas em todo o país
Os tradicionais desfiles de sete de setembro levam milhares de pessoas às ruas em todo o país
Conhecido como o Dia da Independência, 7 de Setembro é um feriado marcado por eventos como desfiles cívico-militares por todo o País, aos quais milhares de pessoas comparecem. Mas qual foi a estaca zero dessa tradição?
Confira abaixo, em ordem cronológica, os acontecimentos que culminaram nessa data histórica:
1. Antecedentes separatistas
No fim do século XVIII, rebeliões como a Inconfidência Mineira, em 1789, e a Conjuração Baiana (1798) eclodiam, com objetivo de romper a dominação portuguesa sobre o Brasil e estabelecer a independência.
A inconfidência mineira, da qual participouTiradentes, foi liderada por mineradores e coronéis, e a Conjuração Baiana, conhecida também por Revolta dos Alfaiates, por brancos e negros pobres. Ambas, no entanto, foram violentamente reprimidas pelos governos dos Estados.
2. Chegada da Família Real
Do outro lado do mundo, a tropa francesa de Napoleão Bonaparte conquistava vários países da Europa e proibia relações comerciais com sua última grande inimiga: a Inglaterra. Portugal não aderiu às determinações de Napoleão, e o francês invadiu seu território, obrigando Dom João e a corte a fugirem para o Brasil. Eles chegaram aqui em 22 de janeiro de 1808, escoltados por navios ingleses.
3. Primeiro vislumbre de liberdade
Como recompensa pela proteção oferecida, a Inglaterra exigiu que o Brasil tivesse relações comerciais com o país europeu. O comércio brasileiro era, até então, restrito a Portugal.
A abertura dos portos para nações amigas permitiu que o Brasil começasse a se emancipar economicamente de sua metrópole, afinal, Portugal não tinha condições de competir com a potência comercial dos ingleses.
Um mês depois de sua chegada, Dom João organizou a estrutura administrativa do governo: nomeou ministros de Estado, criou órgãos públicos, instalou tribunais de justiça e criou o Banco do Brasil.
Essas medidas e outras, culturais e econômicas, contribuíram para a emancipação política brasileira. O País foi elevado à categoria de sede administrativa das relações com a metrópole. Na prática, isso significava autonomia também no âmbito administrativo.
4. Revoluções lá e cá
Altos impostos, a fome causada pela grande seca de 1816 e o luxo da corte portuguesa provocaram indignação e levaram à Revolução Pernambucana. Inspirados pela Revolução Francesa, vários grupos de interesses diversos participaram do movimento, mas havia um objetivo unânime: a Proclamação da República.
O governador, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ordenou a prisão dos revoltosos, mas a medida teve o efeito contrário: além de resistir à repressão militar, os rebeldes prenderam o governante e tomaram o poder.
Durante 75 dias, os revolucionários permaneceram no poder, até serem dura e violentamente atacados por tropas, armas e navios enviados pelo próprio Dom João. Eles cederam em 19 de maio de 1817.
Anos depois, líderes da Revolução Liberal, em Portugal, tomaram o poder na metrópole, obrigando, assim, Dom João e a corte a retornar para seu país de origem, em 26 de abril de 1821. O herdeiro, Dom Pedro, assumiu o governo.
5. Duelo das elites
A burguesia portuguesa tomou medidas que limitavam a autonomia brasileira e enfraqueciam a autoridade de Dom Pedro e, além disso, exigia a volta do príncipe regente a Portugal.
Do lado de cá, comerciantes e donos de terra sentiram que as medidas ameaçavam seus negócios. Resolveram, então, apoiar Dom Pedro e incentivá-lo a desobedecer as ordens que chegavam de Lisboa.
Nesse contexto, foi criado o Partido Brasileiro, organizado para enfrentar e resistir ao projeto do governo português de recolonizar o País.
6. Dia do Fico
Em 9 de janeiro de 1822 e com todo o suporte do Partido Brasileiro, Dom Pedro tomou a decisão definitiva sobre as ordens da corte para que retornasse.
A declaração é replicada até hoje nos livros de história. “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico”. Por conta do discurso, o episódio ficou conhecido como Dia do Fico.
7. Ruptura definitiva
Apesar da decisão de Dom Pedro, os confrontos com a corte portuguesa permaneceram e chegaram ao ponto de, sempre amparado pelas elites e o Partido Brasileiro, o príncipe regente determinou a ruptura política entre Brasil e Portugal.
Em 7 de setembro de 1822, foi proclamada, oficialmente, a independência do Brasil, em São Paulo. Quando regressou ao Rio de Janeiro, Dom Pedro foi aclamado imperador e coroado com o título de Dom Pedro I, em dezembro de 1822