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Porto Alegre – Um coordenador e um ex-enfermeiro do Samu em Porto Alegre relatam manobras utilizadas por médicos para burlar o sistema e cumprir apenas um terço da carga horária, e recebendo salário integral. As irregularidades envolvem casos como atestados médicos em excesso, faltas abonadas e até o uso de uma garrafa sobre o teclado para evitar o bloqueio por inatividade nos computadores.
O ex-enfermeiro Cleiton Felix e o coordenador do Samu estadual, Jimmy Luis Herrera Espinoza, relataram episódios em que médicos conseguiram cumprir apenas uma fração da carga horária contratual e ainda assim receber o salário completo.
- Um exemplo é o caso da médica Tarine Christ Trennepohl, que possui dois contratos de 120 horas mensais cada e recebe um salário de R$ 23 mil. No entanto, embora tenha registrado 117 horas trabalhadas em um dos contratos em julho, os relatórios de atendimento indicam que ela cumpriu apenas 51 horas.
Outras práticas foram descritas, como o uso de atestados médicos em grande quantidade por parte de alguns médicos, além de manobras para evitar o bloqueio por inatividade nos computadores. Um caso relatado envolveu uma médica que colocava uma garrafa de água sobre o teclado para pressionar algumas teclas e impedir o bloqueio.
O caso foi levado ao conhecimento das autoridades, incluindo o Conselho Regional de Medicina e o Ministério da Saúde.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS) também instaurou uma comissão de sindicância para apurar as irregularidades. A Secretária da Saúde, Arita Bergmann, anunciou que câmeras de monitoramento serão instaladas na central de atendimento do Samu para coibir tais práticas.
O Ministério da Saúde planeja realizar uma visita técnica à central estadual do Samu em Porto Alegre para verificar as informações e o funcionamento do programa na região.
Nota: As informações fornecidas no texto são baseadas no conteúdo fornecido pela matéria jornalística, e a data citada é 28/08/2023.
GZH
MÉDICA DO SAMU DEIXAVA GARRAFA D’ÁGUA SOBRE TECLADO DE COMPUTADOR PARA FINGIR QUE ESTAVA TRABALHANDO, DIZ COORDENADOR
Reportagem do Fantástico revelou que médicos deixavam de cumprir horas de trabalho e recebiam por toda a carga horária. Em vez de trabalhar 100 horas por semana, ele cumpriam, em média, 40 horas. Uma das táticas usadas para burlar o controle do ponto de médicos na central do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Porto Alegre foi revelada em reportagem da RBS TV por Jimmy Herrera, coordenador do serviço. Segundo Herrera, uma das médicas envolvidas na fraude deixava uma garrafa d’água sobre o teclado do computador quando se ausentava do trabalho para manter teclas pressionadas. Com isso, o computador não desligava e nada era registrado no sistema.
“Ela deixou uma garrafa em cima do teclado justamente para que ficasse emitindo um número ou uma letra dentro da tela, para que o sistema não caísse, como se alguém estivesse usando o sistema”, conta Herrera. No domingo (27), reportagem do Fantástico denunciou irregularidades no cumprimento de escalas do Samu no Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira (28), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou a abertura de sindicância, auditoria e implantação de novos mecanismos de controle na central de regulação do Samu, como câmeras.
Segundo Jimmy Herrera, a tela dos computadores usados pelos médicos na central do Samu é desconectada do sistema após 10 minutos sem uso, e isso fica registrado. Assim, médicos que se ausentam por muito tempo precisam dar explicações. Coordenador sabia de fraude
O médico que coordena a central admite que sabia da fraude e acusa a direção de não ter tomado providências. Ele conta também que um médico chegou a apresentar 12 atestados falsos para cumprir horário menor do que o contratado. “Prontamente, reuni tudo, falei com a médica que provavelmente estava sendo lesada com o carimbo e o receituário, levei para o [Eduardo] Elsade [diretor do Departamento de Regulação do RS]. Ela disse que achava um absurdo, chorou. Foi aberto processo administrativo e essa médica pediu exoneração”, diz Herrera.
Faltas abonadas irregularmente
A reportagem do Fantástico revelou que médicos deixavam de cumprir horas de trabalho previstas em contrato e seguiam recebendo pela totalidade da carga horária. Eles deveriam trabalhar, em média, 100 horas por semana, mas só cumpriam 40 horas.
Há indícios de que a chefia da Central do SAMU abonava as faltas irregularmente, alegando na folha de pagamentos que havia “problema na marcação pelo relógio de ponto”.
A central de regulação do Samu atende aos chamados, via telefone 192, de 493 municípios do RS. Em 269, os médicos também são responsáveis por despachar as ambulâncias e indicar os hospitais para onde os pacientes serão levados. Promessa de punição
Nesta segunda-feira (28), a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, gravou um pedido de desculpas. A sindicância aberta pela pasta para apurar o caso tem prazo de 30 dias para ser concluída. Um sistema de câmeras e catracas para controlar entradas e saídas no local também deve ser instalado.
“Estou muito triste de ter que testemunhar, em 50 anos de vida profissional, matérias desse foco. Por isso, nós do governo do estado queremos, com três palavras, dizer o que estamos imprimindo: um, apurar todas as possíveis e eventuais irregularidades; dois, corrigir com muito rigor o que está errado, sendo comprovados erros; e três, punir quem não cumpriu com a sua jornada de trabalho”, listou. Por enquanto, os médicos flagrados na reportagem não serão afastados. O coordenador médico Jimmy Herrera e o diretor Eduardo Elsade também continuam nos cargos.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que pode suspender os repasses de R$ 25 milhões por ano ao Samu, caso as denúncias forem comprovadas. Fonte: G1