Durante confusão em bar, sargento da PM agride e prende agente penitenciário em Rio Branco
Policial alega que foi xingado e que carcereiro foi preso por desacato. Agente afirma que foi defender amigo que foi agredido com tapa e ficou inconsciente.
Por Quésia Melo, G1 AC, Rio Branco
Uma confusão envolvendo um sargento da Polícia Militar do Acre (PM-AC) e um agente penitenciário foi registrada por clientes de um bar em Rio Branco. Nas imagens, divulgadas nas redes sociais, um sargento da PM, que fazia segurança no local, discute com o agente na frente do estabelecimento e, em seguida, agride o carcereiro com um empurrão. O caso ocorreu na noite de sábado (25).
Ao G1, a assessoria da PM informou que abriu uma sindicância e o caso está sendo apurado pela Corregedoria. Somente após o resultado da apuração, a corporação deve se pronunciar. A reportagem tentou contato com o proprietário do bar, mas não obteve retorno.
O sargento da PM Júnior Lima, que aparece nas imagens, afirmou que o vídeo não estava na íntegra. Ele relatou que faz parte do 4º Batalhão da PM-AC e que estava em Rádio Patrulha naquele distrito e o local fazia parte da área de trabalho dele. Ele nega estar fazendo segurança no bar e afirma que estava de serviço.
Já o agente penitenciário Caio Borges alega que foi defender o amigo que foi agredido gratuitamente e que em nenhum momento se exaltou com o PM. Borges afirma que a confusão começou porque o amigo dele ficava saindo do bar para fumar e a segurança alegou que ele estava fazendo algo de errado por sair tantas vezes do local.
Borges afirma que todas as medidas estão sendo tomadas pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindapen-AC).
Confusão
Ao G1, Lima afirma que estava em patrulhamento normal na área quando viu dois seguranças em uma discussão com outras duas pessoas.
“Até então não sabíamos quem eram os dois. Pelo que conversei com o segurança eles forçaram a entrada, não se identificaram e tinham lesionado o braço de uma das funcionárias do bar. Quando a gente percebeu a movimentação da segurança querendo retirar eles e eles não querendo sair, chamamos os dois para conversar”, lembra.
Lima diz que um dos clientes foi chamado para conversar e começou a empurrar ele, mas, até então, não sabia que era um agente penitenciário. O policial disse que tentou conversar com os amigos e que no momento das agressões acabou reagindo e empurrando Borges.
“Ele estava em um estado visível de embriaguez. Percebemos que ele tinha um volume na cintura, até então não sabíamos que era uma arma. O rapaz preso não estava na confusão, mas alterado, quando começou a me empurrar. Coloquei a mão no ombro dele e o afastei levemente. Ele começou a se exaltar, colocar a mão no meu peito e falei: ‘não precisa triscar em mim’ e na última empurrei ele de forma mais forte”, conta.
Nesse momento, o policial afirma que foi xingado pelo agente penitenciário e, por isso, o prendeu por desacato. Ele alega ainda, que o uso da algema foi feito porque o agente estava alterado.
“Ele disse: ‘me prende então seu policialzinho de merda’. E, após o empurrão, em nenhum momento ele foi agredido. Friso também que, após ter sido identificado como agente, perguntei ao mesmo se ele estava tranquilo e que por mim ele não precisava ser conduzido na cela da viatura, onde ele se se recusou. O uso da algema foi feito por que ele estava alterado”, conta.
Agente diz que foi defender amigo
Em um dos vídeos, é possível perceber que o agente penitenciário começa a discutir com o sargento após o amigo dele ser agredido com um tapa pelo policial e cair no chão. O homem teria ficado inconsciente após a agressão, conforme informou em nota o Sindapen-AC e uma denúncia criminal foi feita contra o militar.
Borges destaca que ele e os amigos haviam chegado no bar há cerca de meia-hora e não estavam bêbados. Ele afirma que a confusão começou porque o colega, que aparece levando um tapa no vídeo, estava entrando e saindo do espaço para fumar. Porém, a segurança alegou que ele estava fazendo algo de errado.
“Ele [meu amigo] se identificou, pois é agente temporário também, e disse que não estava fazendo nada de errado. Nisso, o carro da polícia já estava lá na frente. Ninguém estava embriagado. Vi o colega na situação e fui tentar entender o que estava acontecendo. Mas, o policial não quis conversar com ninguém, estava totalmente alterado”, afirma.
Borges conta ainda que o sargento agrediu o colega dele com um tapa, que se afastou. Em seguida, o agente temporário retorna para o local e leva um outro tapa, porém, de outro policial que estava na guarnição, e cai no chão.
“Ele foi todo tempo agressivo. Fez aquilo tudo sem necessidade, em nenhum momento esbocei reação para ele me agredir ou prender e nem me jogar dentro do camburão de uma viatura. Eu fui liberado normalmente com a minha arma e se tivesse embriagado jamais seria liberado com o armamento”, destaca.
O agente explica que é proibido fumar dentro do bar, mas que todos recebem uma pulseira de identificação para sair e retornar em seguida. Ele lembra que em nenhum momento, durante toda a confusão, a direção foi até o local para tentar resolver a situação.
“Inclusive, na hora que o policial faz aquela situação para me prender, um segurança do local, que não é policial, tomou a arma da minha cintura. Os policiais estavam com a viatura lá na frente, mas a segurança do local devia ser feita de forma particular. Foi tudo desnecessário, não teve agressão verbal de forma nenhuma. Ali o despreparo foi total”, afirma
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