segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Policial penal suspeito de matar dois detentos e ferir outros dois dentro do Presídio é indiciado por duplo homicídio

 


Um dos homens tinha sido preso suspeito de estuprar a ex-mulher do policial. Segundo as investigações, o suspeito agiu sozinho e motivado por vingança.

Por Fernando Zuba, g1 Minas — Belo Horizonte

 


Policial Penal é suspeito de matar dois detentos em Manhuaçu, na Zona da Mata

Polícia Civil indiciou um policial penal, de 36 anos, por duplo homicídio em Manhuaçu, na Zona da Mata Mineira. Segundo o delegado Felipe Ornelas, responsável pelas investigações, o suspeito agiu sozinho e motivado por vingança.

O crime aconteceu no último dia 7 de setembro. O policial penal matou a tiros dois detentos, de 26 e 36 anos, no Presídio de Manhuaçu, e atingiu outros dois presos, de 18 e 24 anos. Ele alegou que um dos homens mortos teria estuprado a ex-mulher dele.

"Ele (policial penal) entrou em surto, queria fazer justiça e matar todos os estupradores, e descarregou a arma. Dois morreram na hora e mais dois foram baleados. No momento, havia 15 detentos na mesma cela", disse o delegado.

O policial penal segue preso e está à disposição da Justiça, completou o delegado.

O crime

De acordo com o boletim de ocorrência, a ex-mulher do policial penal acionou a Polícia Militar (PM) para denunciar um estupro. Ela disse que estava em um bar bebendo com as amigas e que, ao sair, por volta de 0h30, foi abordada por um homem desconhecido e abusada sexualmente. O homem fugiu, mas foi preso. Ele negou o crime.

O suspeito, de 36 anos, foi levado para o Presídio de Manhuaçu, onde foi assassinado pelo policial penal.

Segundo o boletim de ocorrência, o agente, que estava de folga, chegou ao presídio por volta das 9h, foi até o posto de serviço e pegou as chaves de uma das alas. Outros policiais penais tentaram impedir a entrada dele, mas o homem ameaçou os colegas com uma arma.

Presídio de Manhuaçu, na Zona da Mata de MG — Foto: Google Maps/ Reprodução
Presídio de Manhuaçu, na Zona da Mata de MG — Foto: Google Maps/ Reprodução

Ainda segundo as investigações, o policial fechou o portão da ala, atirou e, depois, foi até a portaria da unidade, dizendo que tinha matado o homem que teria estuprado a ex-mulher dele. A Polícia Militar foi acionada, e o agente foi preso.

A Polícia Civil afirmou que a perícia esteve na unidade prisional para identificar e coletar vestígios. Os corpos foram encaminhados ao Posto Médico-Legal do município para serem submetidos a exames de necropsia.

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) lamentou o ocorrido e disse que abriria um procedimento investigativo interno sobre o caso.

Veja a nota da pasta na íntegra divulgada após a ocorrência:

"A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) lamenta a grave ocorrência envolvendo um policial penal na manhã desta quarta-feira (7/9) e informa que colabora e trabalha em conjunto com a Polícia Civil para que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos.

A direção-geral do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) acompanha in loco os desdobramentos da ocorrência. A Polícia Civil já esteve no local para identificar e coletar vestígios.

Por volta das 9h, um servidor do Presídio de Manhuaçu I, situado na 12ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), na Zona da Mata, disparou contra quatro presos. Apesar do socorro imediato prestado a todos eles, dois homens vieram a óbito, e outros dois ficaram feridos.

O homem que fez os disparos foi detido em flagrante​. Ele alegou que um dos detentos teria estuprado a sua esposa na mesma madrugada.

Serão abertos dois procedimentos investigativos: um inquérito pela Polícia Civil e uma investigação interna pela Polícia Penal. O direito à ampla defesa e ao contraditório do policial penal em questão serão respeitados. Os corpos foram encaminhados ao Posto Médico-Legal."


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