sábado, 8 de novembro de 2025

Segurança pública: oposição fez 48 projetos para anular medidas do governo; veja as divergências


 

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A segurança pública deve ser um dos temas em destaque no debate político nas Eleições de 2026, com repercussão nacional e local. (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

As divergências entre o governo e a oposição quanto ao combate à criminalidade não se restringem às discussões recentes sobre a PEC da Segurança e o projeto de lei que classifica facções como terroristas.

Desde 2023, deputados apresentaram 48 propostas para anular medidas da gestão Lula na área da segurança pública, por discordarem delas.

As propostas da oposição — projetos de decreto legislativo (PDL), que são capazes de sustar normas do governo se forem aprovados — envolvem medidas contra:

lavagem de dinheiro;
acesso a armas de fogo;
câmeras nos uniformes de policiais;
propagação de crimes em redes sociais; e
crime organizado.

A segurança pública deve ser um dos temas em destaque no debate político nas Eleições de 2026, com repercussão nacional e local.

O assunto voltou à tona após a operação da polícia do Rio nas comunidades da Penha e do Alemão, em 28 de outubro, e a Operação Carbono Oculto, que mirou a lavagem de dinheiro da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), em 28 de agosto.

Debate no Congresso

Na esteira desses eventos, o governo Lula acelerou o envio ao Congresso Nacional do projeto de pei Antifacção, que aumenta as penas para organizações criminosas, e voltou a defender a sua PEC da Segurança, enviada à Câmara em abril deste ano.

O projeto Antifacção, que eleva penas para até 30 anos de prisão, tem muitas semelhanças com propostas que já tramitavam no Congresso, inclusive de autoria de parlamentares da oposição, como mostrou o g1 em setembro.

Já a PEC da Segurança, que aumenta a responsabilidade da União na segurança pública, enfrenta críticas da oposição e de governadores, que argumentam que o combate ao crime é atribuição dos estados. Mesmo assim, a proposta ganhou impulso no Congresso depois da operação que deixou 121 mortos no Rio.

Ao mesmo tempo, a oposição tem promovido um projeto de lei que classifica as organizações criminosas como grupos terroristas, igualando o PCC e o Comando Vermelho (CV) ao Hezbollah e ao Estado Islâmico, por exemplo.

Peritos pedem inclusão da Polícia Científica na PEC da Segurança Pública

As entidades que representam os peritos da Polícia Federal e das perícias estaduais lançaram um manifesto em defesa da Emenda 5 da PEC da Segurança Pública, em tramitação na Câmara. A proposta prevê incluir a Polícia Científica entre os órgãos de segurança pública listados no artigo 144 da Constituição.

O documento, assinado pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e pela Associação Brasileira de Criminalística (ABC), foi enviado a todos os deputados. As entidades afirmam que o reconhecimento constitucional é um passo importante para a modernização das políticas públicas de segurança e para o fortalecimento das investigações baseadas em evidências.

“As polícias científicas asseguram a cadeia de custódia e garantem a integridade das provas, funções reconhecidas em recomendações nacionais e internacionais”, diz o manifesto. Com informações dos portais G1 e Correio Braziliense.

Discordâncias vão além da PEC da Segurança e terrorismo; parlamentares tentam sustar normas sobre lavagem de dinheiro, acesso a armas e câmeras nos uniformes das polícias.

Por Reynaldo Turollo Jr, g1 — Brasília

 


  • Oposição fez 48 projetos para anular medidas do governo sobre segurança.

  • Propostas envolvem medidas contra o acesso a armas, o uso de câmeras corporais e o combate ao crime organizado.

  • Divergências vão além de PEC da Segurança e projeto de lei que classifica facções como terroristas.

  • A segurança pública deve ser um dos temas em destaque no debate político nas Eleições de 2026, com repercussão nacional e local.

  • Não há data para os PDLs serem votados.


Projeto antifacção chega à Câmara dos Deputados



As divergências entre o governo e a oposição quanto ao combate à criminalidade não se restringem às discussões recentes sobre a PEC da Segurança e o projeto de lei que classifica facções como terroristas.

📅 Desde 2023, deputados apresentaram 48 propostas para anular medidas da gestão Lula na área da segurança pública, por discordarem delas.

As propostas da oposição — projetos de decreto legislativo (PDL), que são capazes de sustar normas do governo se forem aprovados — envolvem medidas contra:

  • lavagem de dinheiro;
  • acesso a armas de fogo;
  • câmeras nos uniformes de policiais;
  • propagação de crimes em redes sociais; e
  • crime organizado.

👉🏽 A segurança pública deve ser um dos temas em destaque no debate político nas Eleições de 2026, com repercussão nacional e local.

Debate no Congresso

Na esteira desses eventos, o governo Lula acelerou o envio ao Congresso Nacional do projeto de pei Antifacção, que aumenta as penas para organizações criminosas, e voltou a defender a sua PEC da Segurança, enviada à Câmara em abril deste ano.

Já a PEC da Segurança, que aumenta a responsabilidade da União na segurança pública, enfrenta críticas da oposição e de governadores, que argumentam que o combate ao crime é atribuição dos estados. Mesmo assim, a proposta ganhou impulso no Congresso depois da operação que deixou 121 mortos no Rio.

Ao mesmo tempo, a oposição tem promovido um projeto de lei que classifica as organizações criminosas como grupos terroristas, igualando o PCC e o Comando Vermelho (CV) ao Hezbollah e ao Estado Islâmico, por exemplo.

A ideia é controversa porque, segundo integrantes do governo e alguns pesquisadores, pode abrir brecha para intervenções estrangeiras no Brasil. A análise desse tema foi adiada pela Câmara nesta quarta-feira (5).

Veja abaixo outras divergências entre oposição e governo na área da segurança pública:

Lavagem de dinheiro

O PDL 663/2025 busca sustar duas resoluções do Banco Central do Brasil publicadas em setembro deste ano com o objetivo de reforçar a segurança do sistema financeiro.

🔎 O BC editou as normas depois que ataques hackers desviaram centenas de milhões de reais de instituições financeiras. Além disso, investigações como as da Carbono Oculto revelaram suspeitas de que fintechs — empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros — estão sendo usadas por facções criminosas para lavar dinheiro.

Uma das resoluções do BC limitou a R$ 15 mil as transferências via Pix e TED para instituições de pagamento não autorizadas e para aquelas que se conectam ao sistema financeiro utilizando Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTIs).

Autor do PDL contra essa medida, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) afirmou que ela fere a livre iniciativa.

"Em vez de atacar os reais mecanismos utilizados pelo crime organizado — operações estruturadas e de grande porte, conduzidas em grandes corporações bancárias —, o Banco Central preferiu impor restrições generalizadas a cidadãos e pequenos empreendedores, que não guardam relação com ilícitos", justificou.

Para o advogado Sérgio Rosenthal, que acompanha a tramitação de projetos sobre segurança pública no Congresso, a restrição recém-criada pelo Banco Central é bem-vinda no contexto atual.

"É uma tentativa de se minimizar novos ataques. É preciso que se encontrem caminhos de defender o sistema a fim de que esse limite [de R$ 15 mil] possa ser revisto no futuro. Mas, diante da aparente vulnerabilidade existente hoje, é uma medida prudente", diz.

O PDL 113/2025, da deputada Daniela Reinehr (PL-SC), visa cancelar uma outra resolução do BC, de março, que determinou a exclusão de chaves Pix de pessoas (CPFs) e de empresas (CNPJs) que estejam irregulares na Receita — por exemplo, de pessoas mortas.


A deputada afirma que a resolução pode atingir quem pode estar em situação irregular na Receita por questões burocráticas e sem gravidade.

"[A medida] impõe severas restrições ao acesso ao sistema financeiro sem o devido debate legislativo e sem considerar os impactos negativos dessa medida sobre cidadãos e empresas", diz.

Não há data para esses PDLs serem votados.

Armas de fogo

A oposição fez 38 projetos para reverter normas do governo que restringiram o acesso a armas e munição.

Os projetos contra os decretos presidenciais de 2023 aguardam análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados estão sob relatoria do deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP).

📊 As medidas anti-armamentistas do governo, que estão na mira da oposição, geraram resultado imediato: em 2023, primeiro ano de Lula, o registro de novas armas para civis caiu 82% em relação a 2022, último ano de Jair Bolsonaro (PL).


Segundo dados do Sistema Nacional de Armas (Sinarm), foram cadastradas 20.822 novas armas de fogo para civis em 2023, contra 111.044 no ano anterior.

"É um equívoco [flexibilizar o acesso a armas]. Armar a população não é solução para a criminalidade. Você vai ter gente despreparada, o que é temerário. O combate à criminalidade deve ser restrito às forças de segurança e a população não deve ser armada, até porque uma parte dessas armas vai parar na mão dos criminosos", avalia Rosenthal.










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