O governo de São Paulo anunciou a liberação do uso obrigatório de máscaras em locais abertos sem aglomeração a partir do dia 11 dezembro em todo o estado. Como o UOL havia adiantado, a flexibilização será permitida em lugares amplos, como rua e parques, que permitam distanciamento.
A proteção seguirá obrigatória em locais fechados e transporte público. No anúncio, o governador João Doria (PSDB) destacou que o ponto de partida para a decisão foi a meta de 75% de todo o estado vacinado, a ser atingida amanhã (25). Há, no entanto, outros três indicadores que estão sendo monitorados, segundo anúncio feito pelo próprio governo em 3 de novembro.
O uso de máscara continuará sendo obrigatório em áreas internas, estações e centrais de transporte público em São Paulo, mesmo que a céu aberto. Em trens, ônibus, serviços de transporte público, a obrigatoriedade permanece."
João Doria (PSDB), governador de São Paulo
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse hoje ao UOL News que a capital deve seguir o estado e liberar o uso obrigatório de máscaras em locais abertos.
A flexibilização, porém, não deve ser seguida em todo o estado. No começo do mês, cidades da região metropolitana de São Paulo anunciaram que o equipamento de proteção ainda será obrigatório até o fim do ano, pelo menos.
Metas ainda não foram batidas
Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria citou a meta de 75% da população vacinada como base para tomar a decisão de desobrigar o uso de máscaras, mas há outros três parâmetros a serem alcançados, estabelecidos pelo Comitê Científico.
A mensagem de que a desobrigação se dará por motivos técnicos, e não políticos, tem sido repetida com frequência nos últimos meses pelos coordenadores do comitê, João Gabbardo e Paulo Menezes.
No início de novembro, eles estabeleceram quatro indicadores que, até hoje, ainda não foram cumpridos.
- Casos: a meta é média móvel diária abaixo de 1,1 mil casos. O índice está em 1,4 mil casos/dia, segundo o consórcio de imprensa até ontem (23) e 1.176 segundo a secretaria estadual até hoje.
- Internações: a meta é média móvel abaixo de 300 internações. E está em 316, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
- Mortes: a meta é média móvel abaixo de 50 mortes. Hoje, está em 57, também segundo a secretaria.
- Vacinação: a meta é 75% da população com esquema completo. Até o início da tarde, está em 74,4%, mas deverá ter ultrapassado 75% nesta semana.
Durante entrevista à imprensa, Doria e sua equipe foram questionados três vezes sobre o fato de anunciarem a liberação do uso obrigatório das máscaras antes mesmo de atingir as metas estabelecidas para os índices de casos, mortes, internações e vacinação.
Nenhuma das respostas foi objetiva, mas o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que os dados permanecem sendo monitorados.
"Todas as estratégias que são traçadas pelo governo são baseadas nos dados estatísticos, fazendo então com que as medidas, seja de flexibilização ou de inflexões que nós fizemos no passado, no faseamento do Plano São Paulo, se baseiam nestes dados. Aqui, não será diferente", afirmou.
São exatamente esses números determinados pela ciência que farão com que nossas estratégias sejam consagradas ou não."
Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde
Mudança de data
O governo havia anunciado que estava estudando desobrigar o uso das máscaras a partir de 1º de dezembro. Segundo o UOL apurou, o Comitê Científico e o governador não concordaram sobre esse prazo, nas últimas reuniões.
A avaliação dos médicos é que, como os índices estão em melhora progressiva, talvez na prática não faça tanta diferença esperar atingir os quatro fatores, mas, como coerência e mensagem, faz sentido esperar. Ao não seguir os próprios parâmetros, o governo poderia estar passando a mensagem errada.
Os especialistas destacam ainda que muitos locais que experimentaram a flexibilização das máscaras viram também uma displicência maior por parte da população.
Embora negue, a reportagem apurou que Doria já vinha fazendo certa pressão para que as máscaras fossem liberadas. Entre os argumentos usados é que estudos desde 2020 mostram que o risco de contaminação em locais abertos e ventilados é quase zero. Mas o governador tem ouvido o conselho dos médicos e acabou adiando a medida para o dia 11.
Por enquanto, o uso correto do equipamento —cobrindo nariz e boca— permanece obrigatório. Quem não obedecer está sujeito a multa de R$ 552,71.
Agora, o governo estadual deve elaborar um novo decreto que revogue ou atualize o decreto atual, vigente desde 7 de maio, com publicação no Diário Oficial. A previsão é que seja feita no próprio dia 11 ou alguns dias antes.
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