Funcionários de Itapetininga (SP) pediram o afastamento do diretor da penitenciária de Capela do Alto, relatando possíveis episódios de assédio moral. SAP diz que denúncias estão sendo apuradas.
Por Rafaela Zem*, g1 Itapetininga e Região
Quatro agentes penitenciários de Itapetininga (SP), representados pelo Sindicado dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), abriram uma ação civil pública por improbidade administrativa contra um diretor técnico da Penitenciária Masculina de Capela do Alto (SP).
De acordo com os agentes, a ação foi motivada após o diretor da unidade cometer abuso de poder e assediar moralmente e sexualmente funcionárias. Ao g1, eles contaram que os episódios se tornaram mais frequentes depois que alguns agentes foram afastados, por conta das comorbidades, durante a pandemia da Covid-19.
"Ele não concordou que os funcionários com comorbidades se afastassem. Por isso, começou a nos punir com mudanças de turnos repentinas e até ameaçou nos mandar para outra unidade prisional. Certa vez, ele tentou interferir em um assunto pessoal, usando o meu problema de saúde para atrapalhar um processo judicial", contou um dos agentes, que preferiu não se identificar.
Para o Sifuspesp, os casos de perseguição aos servidores são um completo desrespeito à dignidade dos servidores que tiveram que se afastar por serem do grupo de risco e conforme determinado pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) durante o período de pandemia.
Assédio sexual
Conforme consta no documento encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), entre os casos mais graves denunciados, estão os relatos de agentes que dizem ter sido vítimas de assédio sexual. O g1 conversou com uma das funcionárias, que contou que se sente insegura em seu ambiente de trabalho.
"Depois do expediente ele me chamou para a sala dele. Ele me ofereceu uma nova posição profissional, mas ao mesmo tempo olhava para as minhas partes íntimas e tentava um contato físico. Foi intimidador. Na hora congelei e só depois entendi o que aconteceu", relata uma das agentes.
Segundo a funcionária, que prefere não ser identificada, os olhares intimidadores do diretor eram frequentes, mas a situação ainda se agravou com o tempo.
"Sempre que esse diretor chegava, eu e as outras funcionárias nos escondíamos atrás do balcão. Estar insegura no próprio trabalho, ainda mais em uma penitenciária, é revoltante. Só quero voltar às minhas atividades em paz" conta a agente, que continua afastada.
Posicionamentos
Em nota ao g1, o Sifuspesp afirmou que "assédio sexual e o assédio moral são algumas das maiores queixas feitas pelos servidores do sistema prisional do estado de São Paulo". O sindicato informou que tem recebido denúncias há três anos e que, recentemente, conseguiu levar essas ocorrências à Justiça em Capela do Alto.
O Sifuspesp disse que pediu ao TJ o afastamento do diretor e que "luta pelo fim de todos os tipos de assédio cometidos contra servidores da Secretaria de Administração Penitenciária".
Já a SAP informou que as denúncias estão sendo apuradas pela Corregedoria Administrativa do Sistema Penitenciário (CASP) e que a Procuradoria Geral do Estado ainda não foi citada na ação.
O g1 também entrou em contato com o diretor denunciado, que disse que não foi notificado sobre a ação e que só vai se manifestar com autorização da SAP.
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*Colaborou sob supervisão de Júlia Nunes
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