Surto ocorre na unidade de Peruíbe. Estado confirma, inclusive, a contaminação de funcionários
Unidade conta com 45 adolescentes em atendimento (29 em internação decidida, 16 em provisória) / Divulgação
Mães de Peruíbe estão desesperadas com o número excessivo de menores que estão contraindo Covid-19 dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente da Fundação Casa sediada no Município. Elas explicam que funcionários também estão sendo contaminados e que, consequentemente, podem estar infectando seus filhos, familiares e amigos por não serem afastados de suas funções.
Uma das mães que entrou em contato com a Reportagem informa que os meninos podem estar sendo contaminados por funcionários porque, desde a última semana de setembro, as visitas foram suspensas pela Direção da Fundação.
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Todos os contatos entre mães e filhos estão sendo feitos de forma remota, por intermédio de ligações de celular ou videochamadas (com duração de uma hora), que estão cada vez menos possíveis por imposição da Direção e também porque algumas famílias não possuem bom sinal de Internet.
"Na última semana de setembro ocorreu a minha última visita presencial. Depois, só conseguimos contato por telefone e por chamada de vídeo. Consegui uma ligação com meu filho no último dia 6 e depois outra em vídeo. Marcaram uma visita presencial depois, mas foi desmarcada por conta da Covid-19. Agora, nem as videochamadas estão ocorrendo porque, segundo a Direção da Fundação, cerca de nove internos se contaminaram e mais quatro ou cinco que estão na internação provisória também", informa uma mãe.
As mães estão preocupadas porque, além da letalidade da doença, o contato com a família faz diferença na situação em que eles se encontram. "As famílias estão proibidas de visitar os filhos há mais de um mês. Quem deve estar passando Covid são os funcionários que deveriam estar afastados. As chamadas de vídeo estão proibidas porque a Direção alega que o local destinado aos meninos não é isolado", afirma.
FISCALIZADOS.
Uma das mães informou que as únicas chamadas liberadas são as telefônicas e, mesmo assim, por apenas cinco minutos. "Sabemos que os funcionários ficam do lado dos meninos para evitar que eles relatem tudo o que está ocorrendo dentro da unidade. Há adolescentes com problemas psiquiátricos que precisam do contato, nem que seja por vídeo", informa outra.
A mães revelam que, por terem filhos contaminados, teriam o direito de saber como está a saúde deles, se estão sendo medicados, quando o isolamento termina e se as normas de segurança estão sendo respeitadas. Elas informam que a Defensoria Pública já está ciente da situação e que as informações repassadas ao órgão são diferentes da realidade interna da unidade.
ESTADO.
A Fundação Casa informa que, a pedido da Direção do Centro de Peruíbe, no último sábado (23), a Vigilância Epidemiológica do município realizou testagem em todos os adolescentes e servidores, em que foi confirmado que nove jovens e seis servidores testaram positivo. Os servidores estão afastados para tratamento em suas residências e os adolescentes em isolamento no próprio Centro.
Anteriormente, em 17 de outubro, outros quatro jovens, que ainda não haviam recebido a vacina, já haviam sido diagnosticados positivos para Covid-19. Todos eles - em atendimento provisório e sem imunização antes de darem entrada à unidade - estão assintomáticos e cumprem a quarentena em dormitórios separados dos demais.
Elas revelam que a suspensão das visitas presenciais é um procedimento previsto em normativa interna, que visa tanto à manutenção da saúde dos familiares quanto a evitar a propagação da doença. A visita presencial foi substituída por videochamadas com os familiares, em dias e horários agendados, mas na dependência das condições tecnológicas das famílias.
"Quando o familiar não consegue participar da videochamada, são oferecidas as opções de ligação telefônica ou o agendamento e realização da videochamada por meio da unidade do Conselho Tutelar da cidade de origem do adolescente", informa em nota.
Atualmente, a unidade conta com 45 adolescentes em atendimento, sendo 29 em internação já sentenciados e 16 em internação provisória (período de até 45 dias em que aguardam a sentença). Pelo menos 25 jovens em internação tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em 30 de agosto. Os jovens em internação provisória chegaram à unidade recentemente e ainda não tomaram a vacina.
A gestão da Fundação Casa de Peruíbe está em diálogo com o município para a aplicação da primeira dose aos não vacinados e da aplicação da segunda dose aos maiores de 18 anos, a partir de 1º de novembro, considerando a redução do prazo do intervalo da vacina da Pfizer para 21 dias (a aplicação da segunda dose para estes internos está prevista para o final de novembro).
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