quarta-feira, 23 de junho de 2021

Sem conciliação, trabalhadores da Fundação Casa mantêm greve

 


 
Em Santo André, mesmo com a greve deflagrada, funcionários mantiveram o funcionamento da Fundação

Cerca de 500 trabalhadores das unidades da Fundação Casa no ABC (Diadema, Mauá, Santo André e São Bernardo) decidiram manter estado de greve após a instituição não abrir diálogo com o Sitesp (Sindicato dos Trabalhadores nas Fundações Públicas de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Privação de Liberdade do Estado de São Paulo). A paralisação foi definida no último dia 16, quando a categoria paralisou parcialmente as atividades na busca de reajuste de salários.

Em atendimento à determinação do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), os servidores devem manter 70% de seu quadro funcional em atividade durante a paralisação. Oficiais de Justiça do TRT farão vistoria nos centros socioeducativos para conferir o cumprimento da liminar. Em Santo André, por exemplo, mesmo com a greve deflagrada na última segunda-feira (21), com concentração de profissionais em frente à instituição, funcionários mantiveram o funcionamento da Fundação.

O agente de apoio socioeducativo da Fundação Casa Santo André, Carlos Aparecido Cardoso, conta que desde 2014 o governo se nega a reajustar o salário dos trabalhadores, o que resultou na paralisação. “Estamos desde janeiro em tratativas com o Estado, porém sem nenhum retorno, apenas vendo nossos direitos sendo retirados”, conta. “Queremos que se preserve o direito dos trabalhadores à saúde, alimentação e segurança”, enfatiza.

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Segundo Cardoso, além do problema de reajuste, o governo do Estado também cortou o vale-refeição dos trabalhadores afastados por serem do grupo de risco e os servidores que, por ventura adoecerem, também deixam de receber mesmo justificando a ausência. “Até mesmo as mães que acabaram de dar a luz e tem direito ao afastamento também perdem o vale-refeição, além dos trabalhadores que estão em férias e que deveriam receber o benefício”, conta.

Além da retirada destes benefícios, outro trabalhador vinculado à Fundação Casa de São Bernardo que optou por não se identificar, conta que o governo tem repassado integralmente os reajustes referente ao plano de saúde dos trabalhadores, no entanto com reajuste anual e sem a participação do órgão. “Parece que querem nos deixar sem convênio, no sistema público de saúde mesmo, porque onde já se viu fazerem isso com a gente?”, questiona.

Mesmo com a greve, o trabalhador conta que os funcionários seguem a liminar do TRT que solicita a manutenção de 70% do efetivo para garantir os direitos básicos dos adolescentes internados nas mais de 130 unidades do País. Somente na região são 251 adolescentes atualmente em atendimento, sendo: Santo André (106), São Bernardo (73), Diadema (35), Mauá (37).

Diante do ‘diálogo irredutível’ com a Fundação Casa, o diretor de imprensa do Sitsesp, Israel Leal de Souza, informa que os trabalhadores vão manter estado de greve e, nesta quarta-feira (23/06) vão se organizar em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), com concentração a partir das 9h, para manifestação, seguindo para o TRT e com desfecho na Secretaria de Justiça e Cidadania, onde vão aguardar a deliberação do julgamento de dissídio coletivo.

Na oportunidade, a categoria mostrará ao governo do Estado e direção da Fundação CASA, suas reivindicações e aguardará posicionamento referente aos direitos e benefícios adquiridos ao longo dos anos, como portarias, comunicados e acordos unilateralmente firmados.

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