segunda-feira, 2 de novembro de 2020

60 anos de idade e R$ 30 mil na poupança: o que fazer para salvar sua aposentadoria?

 


Nessa situação, faz sentido que o investidor saia da poupança, mas pode ser tarde demais para buscar ganhos mais altos na bolsa; veja alternativas

1 de novembro de 2020 
 5:50 - atualizado às 9:56
Ilustração de homem idoso com cofrinho de economias
O que fazer com o dinheiro da aposentadoria em idade avançada? - Imagem: Shutterstock

Olá, seja bem-vindo ao nosso papo de domingo sobre Aposentadoria FIRE® (Financial Independence, Retire Early). 

Quando acesso os dados históricos desta coluna, o Google me conta o perfil das pessoas que acompanham o meu trabalho. 

No geral, pelo menos 70% dos leitores são homens, entre 20 e 40 anos. 

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Não sei bem explicar o motivo de mais homens do que mulheres acompanharem meus textos, mas sem dúvida a faixa etária está condizente com a minha proposta: falar sobre aposentadoria precoce.

São pessoas preocupadas com o futuro, mas um futuro ainda relativamente distante.

Depois do e-mail do Salvador (logo abaixo), me dei conta de nunca ter abordado o problema sob a ótica de quem mais precisa falar sobre isso: o aposentado, ou quem está muito perto de se aposentar.

Respeitando os riscos

Esse nome - FIRE - nasceu nos EUA. 

É um movimento espontâneo em que muitas pessoas, em sua grande maioria jovens, passaram a documentar e compartilhar os progressos que fizeram mantendo estilos de vida frugais, com alto investimento e buscando aposentar-se em 10 anos.

Para fazê-lo, eles tomaram risco. Em alguns casos, bastante risco. 

Essas pessoas puderam fazer isso por um motivo muito simples: caso as coisas dessem errado, elas teriam tempo de se recuperar.

Num investimento em renda variável, o risco que você está correndo é proporcional ao tempo que você permanece investindo.

Como assim? 

Eu posso abrir o site da minha corretora amanhã e comprar R$ 10 mil em cotas de BOVA11, que replicam o índice Ibovespa. 

O que acontecerá com o BOVA11 na sequência da minha operação é imprevisível. 

Talvez, na semana que vem, tenhamos a notícia definitiva de uma vacina, e meus R$ 10 mil virem R$ 12 mil. 

Ou talvez, tenhamos uma segunda onda de isolamento tão ruim quanto a primeira, e meus R$ 10 mil virem R$ 8 mil. 

Por isso, num intervalo de tempo curto como esse, eu carrego um risco elevadíssimo. Sou um mero refém da aleatoriedade. 

Mas e se eu puder permanecer com as minhas cotas por 10 anos? 

Todos esperamos que, em 10 anos, ninguém mais fale em coronavírus. 

Não que o mundo será perfeito, mas os problemas serão outros. 

Nesse ínterim, algumas empresas no Ibovespa verão seus lucros crescerem significativamente; outras sairão do índice e algumas ficarão simplesmente paradas. 

Mas se o Brasil der minimamente certo nesse período, eu provavelmente vou ganhar dinheiro. Existe um viés de sobrevivência natural no índice, mantendo as empresas saudáveis e expulsando, ou reduzindo a importância, de empresas problemáticas. 

Mas e quando eu não tenho os 10 anos pela frente?

O Salvador ainda é jovem,  vai viver até os 100. Certeza que ele vai ver o Brasil ser hexa.

Mas eu realmente não sei o quanto ele está disposto a esperar mais 10 anos para reduzir o risco de sua carteira. 

Provavelmente ele fez uma careta lendo esse último parágrafo, e eu não o julgo. 

Além disso, seus R$ 30 mil são o patrimônio acumulado de uma vida inteira. 

Qualquer dano significativo a esse patrimônio tende a se transformar num problema pessoal relevante para ele. 

Sempre recomendo que meus leitores invistam em ativos de risco somente depois de formarem sua reserva de emergência, que deve corresponder a algo entre 6 e 12 meses de despesas.

Então, chego a pergunta do título: o que fazer com R$ 30 mil parados na poupança, e 60 anos de idade? 

Nessa situação, faz sentido que o investidor saia da poupança sim, mas não entre no mercado de ações.

Se esse foi o dinheiro acumulado ao longo de uma vida, o melhor que você poderá fazer é protegê-lo, sobretudo preservar seu poder de compra. 

Sei que não dá vontade de estourar um champanhe ouvindo isso, mas considerando a limitação em assumir riscos, a dependência desse patrimônio e a idade mais avançada, o conservadorismo me parece a melhor opção.

Para sair da poupança, me limitaria a uma diversificação em ativos de renda fixa e os carregaria até o vencimento (novamente, para não ser surpreendido por variações de curto prazo nos preços dos títulos). 

No caso do Salvador, deixaria uma fatia relevante dos recursos em Tesouro Selic (ou fundo DI), alocando uma fatia minoritária em Tesouro IPCA+ 2026. 

Se você também está perto da sua aposentadoria, essa é a minha sugestão para seus investimentos. Mas, se tiver pelo menos dez anos pela frente até pendurar as chuteiras, deixo aqui o convite para conhecer um plano de investimento mais arrojado no Empiricus Fire.

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