Luís Adorno e Patrick Mesquita
Do UOL, em São Paulo
17/10/2019 10h56Atualizada em 17/10/2019 14h11
RESUMO DA NOTÍCIA
- Assalto em Viracopos tem dois suspeitos mortos e três pessoas baleadas
- Duas mulheres e uma criança são feitas reféns
- Perseguição teve troca de tiros entre bandidos e forças de segurança
O assalto ocorrido na manhã de hoje (17) no aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (SP), deixou, segundo a PM (Polícia Militar), até o início da tarde, dois suspeitos mortos, dois vigilantes baleados, um policial baleado, além de duas pessoas feitas de refém: uma mulher e uma criança de 10 meses.
Polícias Civil e Federal fazem a investigação e Polícia Militar atua na parte ostensiva. Às 13h40, a criança que era feita refém junto à mãe foi libertada. O criminoso exigiu, na negociação, a presença da imprensa no local. A criança deixou a casa no colo de uma policial militar.
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Logo após a saída dele, foram escutados barulhos de tiros. Uma equipe do Corpo de Bombeiros entrou no local com uma maca. Não havia informações sobre feridos até 13h50.
Três viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de Campinas e uma da PM foram alvejadas durante a perseguição. Um policial foi atingido na perna. Segundo a polícia, dentro da casa dos reféns, há um criminoso. Ao todo, a quadrilha tinha em torno de 12 criminosos.
A polícia informou que os criminosos ligaram para o 190 e disseram que estavam com família refém, na rua Sócrates, com um bebê. A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foram mobilizados para o local. No início, a PM informou que eram duas mulheres e o bebê feitos refém. O comandante do Gate Luiz Augusto Ambar, que está no local, informou, na sequência, que eram dois reféns.
De acordo com da Polícia Federal, dois seguranças da empresa privada de valores Brink's foram baleados (um na perna e outro na orelha) durante troca de tiros com assaltantes, no perímetro do aeroporto. Eles foram socorridos imediatamente, mas não há informações sobre o estado de saúde deles.
Em nota, a Brink's informou "que está colaborando com as autoridades competentes para apuração do ocorrido na manhã desta quinta-feira" e que "a empresa está prestando toda assistência aos funcionários envolvidos no caso".
A reportagem apurou com policiais civis de Campinas que os criminosos estavam com armas de grosso calibre, algumas identificadas como fuzis, e que conseguiram levar parte da carga da empresa.
Segundo um policial federal de Campinas, os criminosos interceptaram, no pátio interno do terminal de cargas do aeroporto, um contêiner que carregava malotes de dinheiro e que iria ser levado para um avião da transportadora UPS. Não se sabe o valor. Parte do dinheiro foi encontrada pelos policiais em um caminhão de lixo.
Para chegar até o local, os criminosos utilizaram, pelo menos, dois carros no perímetro do aeroporto. Os outros dois estavam mais afastados, para auxiliar na fuga, segundo as primeiras informações. Os carros que estavam no perímetro do roubo estavam clonados, com adesivos da Aeronáutica.
Por meio de nota, a Aeroportos Brasil Viracopos S.A informou que o assalto ocorreu por volta das 9h50. "A quadrilha acessou o Terminal de Carga pelo portão E24, usando duas caminhonetes semelhantes a veículos da Aeronáutica. Esses veículos tiveram os pneus dilacerados na entrada do portão, mesmo assim, seguiram até o pátio do Terminal de Carga e fizeram o assalto portando forte armamento".
De acordo com a nota da concessionária, a quadrilha fugiu utilizando duas caminhonetes que aguardavam do lado de fora. "Mesmo não tendo ocorrido nenhuma ação no Terminal de Passageiros, foi necessário passar os passageiros que estavam embarcando por nova inspeção de Raio X por questões de segurança", complementou.
Os criminosos teriam rendido uma viatura da Polícia Civil e uma equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e utilizavam, pelo menos quatro carros: Tiguan preto, Tucson preto, Amarok branco e Cruze branco.
O comandante da PM, coronel Marcelo Vieira Salles afirmou que os criminosos estavam munidos com metralhadoras .50, submetralhadoras, fuzis, capacetes e coletes tentaram. Ele confirmou que os vigilantes foram atingidos no aeroporto. "Depois, houve um segundo confronto com a PM. O major Moreira, subcomandante da PM em Campinas, foi ferido a tiro e está em cirurgia em Campinas", disse.
Segundo a PF, os suspeitos incendiaram duas carretas para fechar os dois sentidos da rodovia Santos Dumont na altura do km 68, possivelmente para evitar uma perseguição. Um terceiro veículo foi posicionado para interditar uma pista marginal paralela, que dá acesso a um bairro próximo ao aeroporto.
O assalto fez com que o Aeroporto de Viracopos ficasse fechado para pouso e decolagem por 20 minutos. A situação já foi normalizada.
Uma equipe do GER (Grupo Especial de Reação), grupo tático da Polícia Civil, durante a perseguição aos criminosos, quase foi alvejada por policiais militares. Os policiais civis estavam a bordo de uma Nissan Frontier preta e os PMs os confundiram com os assaltantes. Pouco antes de atirarem, foram alertados de que os policiais não faziam parte da quadrilha. A PM perseguia os criminosos até o fim desta manhã, em terra e com ajuda de um helicóptero.
Para o professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani, "casos como este mostram que a realidade da segurança pública em São Paulo é bem diferente do que a apresentada nas propagandas milionárias do governo do estado. É preciso recuperar a capacidade de ação e de investigação da polícia para que as quadrilhas sejam desbaratadas".
Segundo assalto em menos de dois anos
Em março de 2018, a mesma empresa de transporte de valores foi assaltada em Viracopos. À época, foram roubados US$ 5 milhões —equivalentes a R$ 16,5 milhões à época—, que seriam levados para a Suíça. Ao menos cinco homens armados com fuzis invadiram a pista do aeroporto na noite de um domingo. Até hoje, nenhum suspeito foi identificado.
Já em julho deste ano, outro assalto semelhante ocorreu no aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Foram roubados 720 quilos de ouro, com valor estimado em R$ 120 milhões, de uma empresa de transporte de valores. O ouro nunca foi identificado. Ao menos quatro suspeitos foram presos.
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