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domingo, 31 de março de 2019
Limites para os jovens infratores Eles sabem que, mesmo cometendo crimes de extrema violência, ficarão relativamente pouco tempo internados
Artigo: Limites para os jovens infratores
Eles sabem que, mesmo cometendo crimes de extrema violência, ficarão relativamente pouco tempo internados
Flávia Ferrer
30/03/2019 - 00:00
A sociedade tem assistido a um vertiginoso aumento no número e na gravidade de crimes praticados por adolescentes. Enquanto há algumas décadas tínhamos furtos e pequenas agressões como principais infrações praticadas por eles, hoje vemos estatísticas assustadoras de roubos com emprego de arma de fogo, homicídios e latrocínios.
A tragédia de Suzano trouxe para os holofotes, mais uma vez, a discussão acerca do tratamento a ser dispensado ao jovem autor de crimes graves. Enquanto se digladiam aqueles que, de um lado, buscam a redução da maioridade penal e aqueles que, de outro, enxergam o delinquente juvenil como vítima, a sociedade assiste, estarrecida, ao noticiário violento de jornais e TVs.
Há diversos problemas sociais a enfrentar, cuja solução ou redução passa por políticas públicas, que precisam ser implantadas, mas cujos frutos levam tempo para ser colhidos. Enquanto isso, é necessário apagar o incêndio e enfrentar o urgente problema da criminalidade juvenil.
A legislação atual tem se mostrado insuficiente para fazer frente à gravidade dos atos cometidos. Os adolescentes sabem que, mesmo cometendo crimes de extrema violência, ficarão relativamente pouco tempo internados, e logo estarão de volta às ruas. A impunidade hoje reinante na esfera de delitos praticados por adolescentes é o maior incentivo à escalada criminosa dos jovens.
Para quebrar esse ciclo, é preciso investir na socioeducação do adolescente infrator, que deve ser realmente implementada para buscar a sua reinserção social.
Quanto antes comece o processo de ressocialização, maiores as chances de bons resultados. Um trabalho socioeducativo sério é a chave para um futuro melhor para os jovens em conflito com a lei e para a sociedade, vítima e refém da violência.
Fechar os olhos à necessidade urgente de imposição de limites aos adolescentes, por parte dos poderes do Estado, é condenar esses jovens a um futuro triste, que acaba, via de regra, num cemitério ou numa penitenciária.
Flávia Ferrer é procuradora de Justiça
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigo-limites-para-os-jovens-infratores-23562090
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