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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
MP reforça segurança de promotor e monta força-tarefa para investigar ameaça do PCC
MP reforça segurança de promotor e monta força-tarefa para investigar ameaça do PCC
Procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio disse que ameaça não intimida: 'Se for necessário, serão os 2 mil promotores ou promotoras atuando'
Felipe Resk
10 dez 2018 18h35
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SÃO PAULO - O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) montou uma força-tarefa para investigar a ameaça do Primeiro Comando da Capital (PCC) ao promotor Lincoln Gakiya, responsável por pedir à Justiça a transferência de lideranças da facção para o sistema prisional federal. Considerado referência no combate ao crime organizado e autor de denúncias contra membros do PCC, o promotor já contava com esquema de segurança. A escolta, no entanto, foi reforçada, segundo o MP-SP.
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"O promotor já está devidamente amparado, com toda segurança necessária para que continue o exercício regular do seu trabalho", afirmou nesta segunda-feira, 10, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, que também disse que o MP-SP não iria "ser intimidado" com as ameaças. "Se sair um promotor, entram outros. E se saíram esses outros, entram outros. Ou seja, nós sempre teremos promotores realizando o trabalho contra o crime organizado. Se for necessário, serão os 2 mil promotores ou promotoras atuando"
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Carta apreendida com visitante da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo, escrita em código
Carta apreendida com visitante da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo, escrita em código
Foto: Reprodução / Estadão
No domingo, 9, a polícia prendeu em flagrante Maria Elaine de Oliveira e Alessandra Cristina Vieira, mulheres de presos da Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, onde cumprem penas os chefes do PCC, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Elas estavam com carta contendo ameaças a Gakiya, que faz parte da equipe do Gaeco de Presidente Prudente, e ao coordenador dos presídios na região oeste do Estado, Roberto Medina.
O "salve", comunicado da facção com ordens ou pronunciamentos de sua cúpula e a resposta dos subordinados, foi decodificado pelo setor de inteligência da polícia. Os bandidos afirmam à cúpula que estão com o levantamento completo de Medina, chamado pelos criminosos de "frango". "Dá pra fazer ele a hora que quiser. Nóis (sic) já tem o carro e o orário (sic) tudo dele", diz o documento. A comunicação continua afirmando que o outro "frango", o "japonês" (o promotor Lincoln Gakiya) "é um pouco mais complicado": "A cidade dele é bem maior".
O segundo "salve" codificado mostra que a missão de matar as duas autoridades seria cumprida pelo setor do PCC conhecido como "sintonia restrita", responsável por assassinatos de integrantes do sistema penitenciário federal em 2016 e 2017. "Essa missão é de extrema, pois se o amigo aqui for para a federal, essa situação tem que ser colocada no chão de qualquer forma", diz
Para Smanio, entretanto, o motivo da ameaça não estaria restrito ao pedido de transferência de líderes do PCC para penitenciárias da União, de segurança máxima. "Só no ano passado mais de 77 operações contra o crime organizado. Já prendemos mais de 1,2 mil pessoas e recuperamos mais de R$ 12 milhões. Foram 400 veículos apreendidos e mais de 1 mil imóveis com bloqueio judicial. Já recuperamos, de sonegação fiscal, mais de R$ 5 bilhões", disse. "Evidentemente que isso traz as represálias em relação a atuação dos promotores."
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Força-tarefa
Inicialmente, cinco membros do MP-SP foram designados para força-tarefa que investigar a origem das cartas. "Nós não sabemos se foi uma estratégia do crime, se foi vazado de propósito ou não. O que nós sabemos é que a policia interceptou as cartas e as cartas mostraram uma ameaça efetiva e concreta", afirmou o procurador-geral. "Nada do Ministério Público se altera com qualquer ameaça de quem quer que seja."
Em novembro, o Estado informou que a cúpula do PCC também planejava assassinar o ex-secretário da segurança Pública Antonio Ferreira Pinto, que também é membro do MP-SP, o primeiro a decidir mandar chefes da facção para presídios federais. Desde então, ele está sob proteção judicial. O senador eleito Major Olímpio (PSL), que expôs um plano que pretendia resgatar Marcola da prisão estadual, também recebeu reforço de escolta.
O plano previa a contratação de mercenários para explodir a muralha da P2 e extrair de suas celas os chefes da facção, que seriam transportados para o exterior em aviões. Depois disso, quase uma centena de policiais do Comando de Operações Especiais (COE), armados com metralhadoras, e das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), blindados e helicópteros foram levados para Presidente Venceslau, para proteger o perímetro.
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Na semana passada, o MP-SP apresentou um pedido assinado por uma dezena de promotores em que se solicitava à Justiça a transferência de Marcola e outros 13 integrantes da cúpula da facção. O Judiciário ainda não decidiu o que fazer.
Em novembro, a Justiça havia determinado a ida de seis presos da chamada Sintonia de Outros Estados e Países para o sistema federal, em razão da participação deles nos crimes descobertos durante a Operação Echelon, como a execução de dezenas de rivais em outros Estados e o tráfico de drogas
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