Interno da Fundação Casa custa ao Estado mais do que aluno da Etec
Um adolescente infrator internado na Fundação Casa custa aos cofres públicos cerca de R$ 11.500 por mês, de acordo com o governo do Estado. Já o gasto com um estudante da Etec não ultrapassa os R$ 3.500 anualmente
Foto: Rogério Marques/OVALE
Fundação Casa
O gasto mensal do Estado com um interno da Fundação Casa ultrapassa o valor investido anualmente em um aluno da Etec (Escola Técnica Estadual) ou da Univesp (Universidade Virtual) em São Paulo.
De acordo com dados fornecidos a OVALE pelo governo estadual, cada adolescente internado na Fundação Casa custa R$ 11.500 por mês.
Estão incluídos nesse montante o atendimento socioeducativo 24 horas por dia e sete dias por semana, refeições e atividades, como aulas de educação profissional, oficinas de arte e cultura e práticas esportivas, além dos salários e benefícios dos cerca de 12 mil funcionários da instituição.
"Sabe quanto custa um menino da Fundação Casa? São R$ 11 mil por mês. Não é possível dar certo, vamos colocar mais e mais meninos e nós teremos problemas. Está na hora de inverter a lógica, parar de produzir o gelo", disse o governador paulista, Márcio França (PSB), em sabatina feita por OVALE.
Na Etec, cada estudante, que cumpre jornada integral de até 10 horas, custa ao Estado cerca de R$ 3.500 anuais.
"Nas Etecs, cada aluno custa R$ 3.500 por ano. Na Univesp, é R$ 500. Não tem nenhum sentido. Não estamos errando no andar do prédio, estamos errando de prédio", completou o chefe do Executivo. "Estamos produzindo todos os dias um grupo de pessoas que não acha que vai ter chance na vida", disse França. Atualmente, o Vale do Paraíba tem cinco unidades da Fundação Casa, com 364 internos.
CRÍTICA.
"Esses dados mostram que a lógica do Estado para a educação é errada", afirmou Gilmar Ribeiro, que é diretor estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Para ele, investir em educação seria mais vantajoso em combater a violência.
"Se nós tivéssemos mais escolas em tempo integral voltadas para esse público vulnerável, onde o aluno realmente desenvolve seu potencial, boa parte desse problemas seria resolvido", completou o educador.
Hoje, as unidades da Etec na RMVale têm 10.172 estudantes, em cidades como Taubaté, São José dos Campos e Jacareí.
Algumas unidades têm só o ensino técnico, enquanto outras oferecem sistema integral de ensino médio e técnico em dois períodos. Para garantir uma das vagas na escola, esses alunos têm que passar por um processo seletivo.
"Isso torna o sistema elitista. Ainda que seja público, é destinado a poucos", disse Ribeiro.
Apesar da rede ter outras escolas de tempo integral, ele considera que são poucas vagas. "Muitas mães dormem na fila para garantir um lugar"..
Nenhum comentário:
Postar um comentário