terça-feira, 16 de agosto de 2022

Proprietária e professora de creche de Florianópolis são denunciadas por maus-tratos e tortura de crianças

 

Por Sofia Mayer, g1 SC

 


Choro de criança foi abafado com cobertor — Foto: NSC TV/ Reprodução

Choro de criança foi abafado com cobertor — Foto: NSC TV/ Reprodução

A proprietária de uma creche particular de Florianópolis e uma professora que trabalhava no local foram denunciadas à Justiça após denúncias relacionadas a maus-tratos na unidade. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ingressou com a ação penal no domingo (14) e a informação foi divulgada na segunda-feira (15).

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina disse que recebeu a denúncia nesta terça-feira (16). O processo, no entanto, corre em segredo de Justiça. Os nomes das acusadas não foram divulgados.

Segundo o promotor Benhur Poti Betiolo, as condutas da proprietária da creche e da professora configurariam crimes de maus-tratos, submeter criança a vexame ou a constrangimento, tortura física e psicológica e lesão corporal.

Os crimes teriam sido cometidos contra crianças que frequentavam a escola, localizada no bairro Capoeiras, região continental da Capital. O caso veio à tona no início de julho, após denúncias anônimas de outros profissionais da creche. Vídeos e relatos foram usados como provas.

Uma ex-funcionária, por exemplo, disse que gravou um vídeo na creche em que uma mulher usa um cobertor para abafar o choro de uma bebê (veja abaixo). Na gravação, também são ouvidos xingamentos contra as crianças.

Vídeo mostra mulher abafando choro de bebê com cobertor em SC
Ativar som

Vídeo mostra mulher abafando choro de bebê com cobertor em SC

Conforme apurado pelo MPSC, bebês e crianças eram privados de alimentação adequada, que era servida em quantidade insuficiente. "Ao final do dia, quando chegavam em casa, os alunos estavam sempre muito famintos, de uma forma desproporcional, conforme relatado pelos pais", afirma o promotor Benhur Poti Betiolo.

As duas acusadas, conforme o órgão, também teriam deixado de dar medicação enviada pelos pais e teriam retirado intencionalmente o aparelho de auditivo de uma das crianças.

Há ainda relatos de castigos físicos e psicológicos contra crianças, como xingamentos, tapas, puxões de orelha, banhos frios e falta de higiene adequada após as necessidades fisiológicas. Vítimas também teriam sido trancadas por horas em uma sala escura. Outro aluno teria tido o maxilar imobilizado para não chorar.

"As denunciadas eram autoridades na escola, mantendo bom relacionamento e cumplicidade entre si, o que por certo facilitou e encobriu os fatos delitivos", considera Betiolo.

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Defesa

Creche chegou a ser interditada pelo Procon — Foto: Procon SC/ Divulgação

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O g1 SC tentou contato com a defesa da creche Bem-Me-Quer, através dos advogados, nesta terça-feira, mas não teve retorno até a última publicação da matéria.

No início de agosto, no entanto, os defensores informaram, através de nota, que continuam "à disposição das autoridades competentes para apuração dos fatos". A defesa nega atos ilícitos e destaca que o inquérito tramita em segredo de justiça.

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