Corporação afirma que compra faz parte do processo de modernização e que modelo mais caro se justifica porque serão usados para transmitir dados sensíveis.
Por Thaiza Pauluze, GloboNews — São Paulo
iPhone 12 e iPhone 12 mini — Foto: Divulgação/Apple
A Polícia Militar de São Paulo abriu uma licitação para a compra de 200 celulares funcionais para os oficiais de alta patente da corporação. A marca não aparece no edital do pregão, mas as especificações do modelo a ser adquirido são as do iPhone 12. As ofertas feitas, mesmo para uma grande quantidade, são por um valor acima do praticado pelo mercado, e a compra soma R$ 1 milhão.
No edital, entre as características do celular estão a memória de 128 GB, a tela “super retina XDR”, a resistência a água, a câmera dupla, o modo retrato, o Face ID (reconhecimento facial pela câmera TrueDepth) e o processador da Apple, o A14 Bionic.
“É vedada a oferta de aparelhos de características tecnológicas e construtivas inferiores às aqui estabelecidas”, diz o documento.
O edital pedia que fossem feitas duas ofertas, uma de 150 aparelhos e outra de 50. Na primeira delas, foi apresentada uma proposta em que cada celular sairá a R$ 5.710, com valor total de R$ 856.500. Já na segunda, o mesmo aparelho sairá por R$ 6.185, somando R$ 309.250. Ou seja, os 200 aparelhos custarão mais de R$ 1 milhão.
Em uma pesquisa em sites de venda pela internet, o mesmo modelo sai a R$ 4.400 cada um. Já outros aparelhos, do tipo Android, com funcionalidades parecidas, saem mais em conta: o Samsung Galaxy S20, por exemplo, custa em torno de R$ 2.000.
Segundo a Polícia Militar, a compra faz parte do “processo de modernização tecnológica da instituição, assim como a aquisição de outras ferramentas: armas de incapacitação neuromuscular, armas letais de última geração, câmeras operacionais portáteis, sistema de telemetria embarcada, câmeras térmicas para atuação em incêndios, drones, coletes balísticos mais leves e câmeras viárias inteligentes”.
Ainda segundo a corporação, a compra também se justifica porque os equipamentos serão usados para transmitir dados sensíveis de ocorrências, além do “envio de imagens das atividades da instituição –que exigem elevado grau de sigilo e segurança–, bem como na comunicação estratégica de operações policiais e no planejamento operacional do policiamento”.
Os aparelhos são destinados a oficiais de alta patente da corporação, já que os praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) não têm direito a celular funcional. Eles usam o pessoal ou um modelo Android, desatualizado, que faz parte da viatura, para registrar ocorrências e passar informações aos superiores, segundo policiais ouvidos pela GloboNews.
A PM também informa que os valores registrados na licitação são apenas referência para a reserva do recurso e, “no momento da aquisição, prestigiando a livre concorrência, os valores podem baixar, conforme a prática do mercado”, disse em nota.
A compra, ainda de acordo com a corporação, só será realizada quando houver a necessidade efetiva de aquisição. “Tal licitação está em fase de recurso e, portanto, ainda não foi concluída. Além disso, a compra pode não ser concretizada, caso, à época, não atenda aos princípios da Conveniência e Oportunidade.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário