Shinzo Abe: mortes por armas de fogo são raras no Japão; atirador usou artefato de fabricação caseira
Abe foi baleado duas vezes enquanto fazia um discurso na cidade de Nara, região central do Japão. De acordo com a emissora pública NHK, o suspeito usou uma arma artesanal, que parecia ser uma espingarda de cano duplo improvisada ou caseira.
Por g1*
A morte do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que morreu após o ataque a tiros nesta sexta-feira (8), choca um país onde é muito difícil de se obter armas de fogo e a violência política é extremamente rara.
Abe foi baleado duas vezes na cidade de Nara, na região central do Japão, enquanto fazia um discurso. O atirador foi identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, e está preso.
O suspeito teria usado uma arma artesanal, que parecia ser uma espingarda de cano duplo improvisada ou caseira, segundo a emissora pública NHK. Reportagens da imprensa local dizem que o atirador seria um ex-integrante da Força de Autodefesa Marítima do Japão, o equivalente japonês da Marinha.
As restrições de posse de armas do Japão não permitem que cidadãos comuns tenham revólveres, e caçadores licenciados podem adquirir apenas rifles. Os donos de armas devem assistir às aulas, passar por um teste , por uma avaliação de saúde mental e uma verificação de antecedentes criminais.
Para se ter uma ideia, em 2018, houve apenas nove incidentes de mortes por armas de fogo no Japão, segundo dados da GunPolicy, um órgão de pesquisas apoiado pela Universidade de Sidney e pela UNSCAR, secretaria da ONU para regulamentação de armas.
No mesmo ano, os EUA tiveram 39,740 mortos por armas de fogo, enquanto o Brasil registrou, um ano antes, 49.611 óbitos.
LEIA TAMBÉM:
Ataques a políticos também são incomuns. Um recente e mais notável aconteceu em 2007, quando o prefeito de Nagasaki foi baleado e morto por um criminoso - o incidente que resultou em um endurecimento ainda maior das regulamentações sobre armas.
A última vez que um ex-primeiro-ministro foi morto foi em 1936, durante o militarismo radical do Japão antes da Segunda Guerra Mundial.
"Estou muito chocada", disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, em uma coletiva de imprensa antes do anúncio da morte de Abe, lutando contra as lágrimas. "Não importa o motivo, um ato tão hediondo é absolutamente imperdoável. É uma afronta à democracia", lamentou Yuriko.
BBC: Equipes de emergência na praça da estação Kintetsu Yamato-Saidaiji após o ataque a Abe — Foto: GETTY IMAGES
Abe estava acompanhado por uma equipe de segurança, mas parece que o atirador conseguiu chegar a poucos metros do político sem nenhum tipo de impedimento.
O ataque a tiros contra uma figura tão proeminente é profundamente chocante em um país que se orgulha de ser seguro.
*Com Reuters .
Veja também
8 de jul de 2022 às 04:02
Nenhum comentário:
Postar um comentário